Agora são notícias de que a Celtejo, empresa de fabrico de papel em Vila Velha de Ródão, teve várias avarias, o que terá resultado em descargas sem tratamento. Aponta-se o dedo a esta e a outras empresas de celulose, afirma-se que este é um dos mais graves crimes ambientais dos últimos anos, mas a vontade em efectivamente promover mudanças parece não chegar.
Na verdade até somos um país com sorte. E porquê? Pela nossa dimensão, pela dimensão do nosso sector industrial, pela própria dimensão da nossa economia. Em suma, somos pequenos, essa é a nossa sorte, porque se tivéssemos outra dimensão, sobretudo no que diz respeito ao sector industrial, os problemas ambientais seriam incomensuravelmente maiores. Existem poucas empresas de grande dimensão que podem causar desastres ambientais como aqueles que agora é notícia, mas apesar de serem poucos os suspeitos e muitas as certezas, nada se faz e quando se faz é fora de tempo e sem consequências de maior para os poluidores.
Todavia a nossa pequenez não está totalmente isenta de problemas, sobretudo quando se trata de agir. Havendo poucas empresas num determinado sector, existindo a já habitual promiscuidade entre poder político (central ou local) e poder económico, a par de pouca ou nenhuma vontade política de punir empresas que, embora parcas, representam milhões de lucros, os problemas persistem.
O actual governo e o ministro do Ambiente representam exemplos concretos da tal incapacidade ou ausência de vontade política. Resta aos partidos mais à esquerda, designadamente os Verde e Bloco de Esquerda pressionarem no sentido de se encontrar soluções; resta aos tribunais, quando forem chamados a responder a este e a outros problemas ambientais, darem o seu contributo exemplar - o que está muito longe de ter acontecido até agora. Pode ser que o espanto e a vergonha provocadas pelas imagens do maior rio português coberto por uma espuma tóxica surtam algum efeito.
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