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Emergência Climática

O Governo português considera não ser necessária a declaração de emergência climática, tal como solicitado pelo Bloco de Esquerda, até porque já fizemos mais do que os outros. Voltando a apontar o dedo aos outros, João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente, referiu que os países que já declararam o estado de emergência "não fizeram nada a partir daí", tratando-se de "um passo simbólico".
Recorde-se que milhões de estudantes fizeram greve às aulas e membros de grupos de activistas como os pertencentes ao "Extinction Rebellion" chamaram a atenção, bloqueando estradas, pontes e por aí fora. Subsequentemente, Reino Unido e Irlanda declararam o Estado de Emergência Climática.
A atitude do Governo português não destoa daquela de outros países que julgam que já fizeram o suficiente apenas porque alegadamente fizeram mais do que os outros, como se planeta pudesse ele próprio ser dividido e nós, por termos alegadamente feito mais do que os outros, estivéssemos a salvo. Como se agora pudéssemos descansar.
É verdade que o Estado de Emergência Climática é simbólico, mas chama a atenção para o maior problema com que a humanidade se depara, aquele que nos levará à extinção. É também verdade que o referido Estado de Emergência não pode deixar de ser acompanhado por acções concretas. Porém, cantar vitória por se considerar que já se fez muito é simplesmente absurdo. Nesta questão, muito continua a ser insuficiente. E são os mais jovens a perceber a verdadeira emergência e a lutar para que o pior não se torne o novo normal, para que a irreversibilidade não determine a realidade.

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