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Ainda há futuro para a "geringonça"?

Tudo começou com as maiores reservas, profecias apocalípticas e um termo depreciativo: "geringonça". Volvidos quase quatro anos, o balanço era francamente positivo até sexta-feira da semana passada.
A crise criada em torno do descongelamento do tempo integral do tempo de serviço dos professores pode não ter feito as vítimas mais evidentes à direita, como pode ter comprometido o futuro de uma solução política única e exemplar - a "geringonça".
António Costa quis fazer cheque-mate à direita, mas pelo caminho pode estar a fazer cheque-mate junto dos partidos que o apoiaram, sobretudo quando parte para a chantagem das eleições antecipadas, convencido de uma pretensa maioria absoluta que, estou plenamente convencida, nunca chegará.


Depois de Cristas e Rio procurarem salvar o que resta dos tiros nos pés que desferiram, importa também à esquerda o empenho na reflexão sobre o futuro de uma geringonça que podia muito bem repetir-se se Costa não fosse igual a si próprio e procurasse salvar a própria pele, indo desta feita ainda mais longe, apostando na maioria absoluta. Deste modo, ficamos sem saber se resta alguma base para um futuro entendimento quando Costa perceber que a maioria absoluta nunca passou de uma miragem.

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