Avançar para o conteúdo principal

Sobre a irresponsabilidade

A crise criada em torno da contabilização total do tempo de serviço dos professores revela da parte de quase todos os intervenientes políticos uma irresponsabilidade notável.
Comecemos precisamente por quem criou o problema – em tempos difíceis que exigiam sacrifícios, repetem até à exaustão – PSD e CDS, encabeçados pelos inefáveis Pedro Passos Coelho e Paulo Portas são os responsáveis pela injustiça. Hoje os seus herdeiros, que são contra a medida, votam favoravelmente com a intenção clara de fazer cair o Governo. A escassos meses de eleições.
É evidente que se trata de um tiro no pé. De um modo geral torna-se impossível esconder a incomensurável hipocrisia que está por detrás desta aprovação. Ainda assim e com lideranças acéfalas e desesperadas, estes partidos insistem.
Os partidos à esquerda do PS, apesar de fazerem parte da solução política que está a governar o país, escolheram ser fiéis ao que sempre defenderam. Com efeito, não havia margem para fazer diferente.
O PS, designadamente o Governo, escolhe o campo da chantagem, um campo perigoso, como sabemos, abrindo uma outra caixa de Pandora. De ora em diante, se a direita pode alinhar hipocritamente junto dos partidos à esquerda do PS, o Governo passará a ameaçar com demissão e escrutínio eleitoral de questões que não pertencem ao interesse da maioria – umas eleições que funcionam também como referendo. Perigoso e particularmente negativo para quem não está do lado da maioria. O PS tenta assim uma espécie de xeque-mate com eleições que serão fortemente dramatizadas para se atingir uma maioria absoluta.
Por conseguinte, respira-se irresponsabilidade e oportunismo e pelo caminho duvido que os professores consigam os seus intentos, sobretudo se formos para eleições onde a questão será “referendada” pela maioria.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa