A crise criada em torno da
contabilização total do tempo de serviço dos professores revela
da parte de quase todos os intervenientes políticos uma
irresponsabilidade notável.
Comecemos
precisamente por quem criou o problema – em tempos difíceis que
exigiam sacrifícios, repetem até à exaustão – PSD e CDS,
encabeçados pelos inefáveis Pedro Passos Coelho e Paulo Portas são
os responsáveis pela injustiça. Hoje os seus herdeiros, que são
contra a medida, votam favoravelmente com a intenção clara de fazer
cair o Governo. A escassos meses de eleições.
É
evidente que se trata de um tiro no pé. De um modo geral torna-se
impossível esconder a incomensurável hipocrisia que está por
detrás desta aprovação. Ainda assim e com lideranças acéfalas e
desesperadas, estes partidos insistem.
Os
partidos à esquerda do PS, apesar de fazerem parte da solução
política que está a governar o país, escolheram ser fiéis ao que
sempre defenderam. Com efeito, não havia margem para fazer
diferente.
O
PS, designadamente o Governo, escolhe o campo da chantagem, um campo
perigoso, como sabemos, abrindo uma outra caixa de Pandora. De ora em
diante, se a direita pode alinhar hipocritamente junto dos partidos à
esquerda do PS, o Governo passará a ameaçar com demissão e
escrutínio eleitoral de questões que não pertencem ao interesse da
maioria – umas eleições que funcionam também como referendo.
Perigoso e particularmente negativo para quem não está do lado da
maioria. O PS tenta assim uma espécie de xeque-mate com eleições
que serão fortemente dramatizadas para se atingir uma maioria
absoluta.
Por
conseguinte, respira-se irresponsabilidade e oportunismo e pelo
caminho duvido que os professores consigam os seus intentos,
sobretudo se formos para eleições onde a questão será
“referendada” pela maioria.
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