Aquilo que começou por ser alvo de todas as profecias da desgraça, passando pelo epíteto aparentemente depreciativo - "geringonça" - acabou por ser uma experiência francamente positiva.
Apesar das diferenças e apesar ainda dos períodos de alguma instabilidade o Partido Socialista acabará por ser o mais beneficiado por esta solução governativa que permitiu aos partidos à esquerda do PS livrar-se de Passos Coelho e companhia, mas permitiu sobretudo ao PS voltar ao poder.
Paralelamente, os cidadãos aprovavam esta solução política, a julgar pelo resultado das sondagens.
Tudo apontaria, por conseguinte, no sentido de ser esta uma experiência a repetir. Porém, tudo indica que não será esse o caso. Com efeito, as circunstâncias mudaram: Passos Coelho - o elemento aglutinador - desapareceu da equação e António Costa tem insistido em sorrir para Rui Rio, gesto que os partidos à sua esquerda naturalmente não apreciam.
Para que esta fosse uma experiência a repetir era necessário que o PS resistisse à tentação do bloco central e que governasse à esquerda. Mas o que se vê é um Mário Centeno cheio de si próprio desde que passou a ser Presidente do Eurogrupo e um António Costa a sorrir para um Rui Rio sem qualquer espécie de estratégia que não passe por sorrir de volta.
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