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Obama e o 11 de Setembro

Assinala-se hoje o oitavo aniversário sobre os atentados do 11 de Setembro. Existe contudo uma diferença entre os sucessivos anos que têm passado desde o 11 de Setembro: hoje os EUA têm um Presidente cuja postura, discurso e políticas são diametralmente opostas à de George W. Bush. Refira-se que uma das maiores diferenças entre os dois presidentes prende-se precisamente com a imagem que projectam do seu país para o resto do mundo.

Com efeito, seria grosseiro estabelecer quaisquer paralelos entre a acção política de Obama e aquela que desenvolvida por Bush, mas é facto que hoje o mundo olha para os EUA com outros olhos - Barack Obama já fez mais em matéria de imagem dos EUA em quase um ano de mandato do que muitos presidentes fizeram em dois mandatos. Aliás, Obama herdou uma conjuntura manifestamente difícil deixada pela Administração Bush. Obama teve que refazer aquilo que Bush desfez nos anos em que esteve à frente dos destinos do país.

O 11 de Setembro já foi adjectivado de todas as formas e feitos, sendo portanto escusado fazer novamente esse exercício. De qualquer modo, o dia de hoje está a ser passado de forma diferente, longe da retórica belicista e conflituosa da anterior administração, e mais próxima da reconciliação dos EUA com o mundo. O unilateralismo foi praticamente abandonado e substituído por uma visão muito mais realista do mundo que pressupõe a existência de países emergentes está mais próxima da aceitação do fim da existência exclusiva da superpotência para passar a existir um conjunto de potências. O abandono da visão estreita de que os EUA isoladamente poderiam agir no mundo e que redundou numa guerra absurda e fracassada no Iraque, contribuindo para deterioração quase indelével da imagem dos EUA no mundo, tem sido um dos aspectos mais importantes da política de Obama. O dia de hoje prova que a mudança é possível e que este ambiente de maior estabilidade e sensatez possa porventura contribuir para uma verdadeira reflexão sobre o 11 de Setembro.

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