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As incoerências do PSD

No PSD, Aguiar Branco, não se coibiu de comentar o caso Freeport enquanto a líder do partido escolhia nomes envolvidos em processos judiciais para a lista de deputados do partido; a Presidente do partido e o PSD referem incessantemente a "asfixia democrática", obra do PS de José Sócrates, e desloca-se à Madeira para fazer elogios ao feudo de Alberto João Jardim, falando mesmo - espante-se! - de modelo de governação.

Ora, estas incoerências fragilizam o partido e muito em particular a imagem da Presidente, Manuela Ferreira Leite. É precisamente no que toca àtransparência , honestidade e frontalidade que Ferreira Leite cultiva uma imagem muito mais consolidada daquele de José Sócrates e é, ironicamente, sobre a verticalidade de Ferreira Leite que recaíam os maiores elogios e que agora recaem muitas críticas.

De resto, um dos pontos mais fortes de Manuela Ferreira Leite (e não são tantos quanto isso) prende-se com o seu carácter que no meio de um passado político muito criticado e uma austeridade que nos remete para tempos felizmente idos, tem sido uma espécie de tábua de salvação de Ferreira Leite. A isto acresce naturalmente as políticas desastrosas do PS, o carácter arrogante da sua principal figura, a opacidade que tomou conta do passado do primeiro-ministro e, claro está, alguma apetência deste governo para umautoritarismo latente.

Nestas circunstâncias, o PSD tem vantagens que não pode desperdiçar, sob pena de comprometer os próximos resultados eleitorais. E ao invés de assistirmos a discussões sem sentido e a ataques pessoais pueris, seria muito mais interessante que se passasse a discutir os problemas do pais e hipotéticas soluções. O PSD pode começar por refutar as afirmações de Mário Lino, defensor indefectível das grandes obras públicas, a propósito da "mistificação" da "auto-estrada rosa".

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