Avançar para o conteúdo principal

Portugal, Espanha, Ibéria

As afirmações de Manuela Ferreira Leite, proferidas no debate com José Sócrates, provocaram uma celeuma que parece estar longe do fim. O primeiro-ministro começa a dar mostras de aligeirar as críticas sobre as palavras de Ferreira Leite, mas o seu séquito anda insaciável quanto a este assunto. Agora foi a vez de Luís Amado falar sobre o assunto e utilizar o termo "ibéria", esquecendo-se que esse termo está longe de ser bem recebido por muitos portugueses. Ao invés de salientar a inequívoca importância de Espanha como parceiro estratégico, tendo sempre como objectivo asalvaguarda do interesse nacional, Luís Amado preferiu invocar a Ibéria e dar uma importância manifestamente desmesurada ao país vizinho. Ora, José Sócrates já terá percebido que talvez seja melhor deixar cair este assunto, principalmente depois das declarações de um ministro espanhol que acabaram por reforçar a posição de Ferreira Leite.
Importa sublinhar que o pior que pode acontecer neste domínio está relacionado com o excessos do discurso. Manuela Ferreira Leite, por um lado, devia ter evitado uma ou outra expressão que era desnecessária e ao invés deveria ter exposto as mesmas ideias recorrendo a um discurso mais comedido; por outro lado, os membros do PS falam de Espanha como se de um maná se tratasse, expondo uma posição de quase absoluta necessidade relativamente ao vizinho espanhol. Nenhum dos discursos é profícuo para o país.
De igual modo, este tema que, segundo Luís Amado pode ter o epíteto de Ibéria, acaba por ocupar o escasso tempo que resta até às eleições e os portugueses querem saber que soluções os partidos políticos apontam para o país. Toda esta polémica produz efeitos nefastos, as relações entre Portugal e Espanha não deveriam servir de arma de arremesso político.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa