Avançar para o conteúdo principal

Ausência de soluções

Depois da apresentação dos programas políticos dos partidos que concorrem às próximas eleições legislativas fica-se com a indelével sensação que nenhum tem capacidade de apresentar soluções viáveis para resolver os problemas mais prementes do país. Programas impregnados de generalidades e políticos sem ideias representam uma combinação que não augura nada de bom para o futuro do país.
O PS insiste nos mesmos erros, em particular na área da educação e justiça. Paralelamente, o PS continua vazio de ideias no que diz respeito à Administração Pública e a formas de encetar as reformas que o país tanto necessita. O PSD não faz particularmente melhor ao anunciar as suas intenções mas sem dizer de que forma é que as mesmas serão executadas. São notórias algumas diferenças entre um PSD que fala em menos Estado, um PSD que sublinha o seu conservadorismo e um PS que defende a manutenção do actual modelo económico e que defende o carácter intervencionista do Estado, não abdicando de mostrar o seu liberalismo no que diz respeito aos costumes.
De qualquer modo, há factores que poderão ser decisivos no processo de escolha dos eleitores: o estado da economia e o desemprego serão elementos a ter em conta na corrida para as próximas eleições. A ausência de soluções torna-se ainda mais inequívoca quando se verifica que poucos conseguem esconder o mau-estar que se revela ao ter de escolher entre o mau e o muito mau.
Dir-me-ão que há mais partidos no espectro político e que as escolhas não se esgotam no PSD e no PS. Mas a verdade é que se atribui vocação governativa ao PS, ao PSD e, até certo ponto, ao CDS-PP; com ou sem fundamento, é assim que muitos vêem o cenário político, os restantes partidos são bonscontestatários , mas não passam disso mesmo. Concorde-se ou não com esta visão da política portuguesa, a verdade é que ela tem conseguido se impor.
Resta o cenário asfixiante da escolha entre o mau e o muito mau. Independentemente de quem vença as próximas eleições, já existem duas certezas: quem ganhar está longe de ter soluções sólidas para a recuperação do país edificilmente conseguirá cumprir uma legislatura de quatro anos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma