Avançar para o conteúdo principal

Consequências políticas do terramoto na TVI

O afastamento de Manuela Moura Guedes e consequente cancelamento do Jornal de Sexta da TVI já estão a ter consequências políticas assinaláveis e a procissão ainda vai no adro. José Sócrates está a sofrer as consequências de ter dado tanta importância a esse serviço noticioso, fazendo do mesmo uma espécie de inimigo pessoal número um. Não admira pois que sejam muitos os que advogam a tese que o PS ou pessoas próximas do ainda primeiro-ministro estejam de alguma forma ligadas ao fim do Jornal Nacional de sexta-feira.
Independentemente das razões que subjazem ao cancelamento do serviço noticioso, a verdade é que José Sócrates sai sempre mal na fotografia. Mesmo estando completamente inocente de todo este imbróglio, José Sócrates dificilmente conseguirá passar uma imagem impoluta sem qualquer ligação com o fim do incómodo jornal da TVI. Aceitando como plausível a hipótese contrária, ou seja que existe algum envolvimento, directo ou indirecto, não se percebe como é que alguém poderia ter sido tão néscio ao ponto de orquestrar um acontecimento que teria, invariavelmente, consequências nefastas para si próprio ou para pessoas próximas de si; por outro lado, há também a hipótese de quem quer que esteja por detrás desta farsa já considere que, tendo em conta o nível de impunidade que se verifica em Portugal, já se pode fazer tudo neste país. E, finalmente, há ainda a possibilidade de esta ser uma cabala engendrada por quem tem ligações com os partidos da oposição para comprometer a imagem do primeiro-ministro. Esta possibilidade parece-me, contudo, manifestamente rebuscada.
De qualquer modo, as consequências para a imagem do primeiro-ministro são notórias: a escassas semanas das eleições, esta notícia pode comprometer as aspirações do secretário-geral do PS. Além disso, tem-se referido com alguma insistência que o Manuela Moura Guedes iria apresentar uma reportagem sobre o Freeport. O programa é rentável e pouco dispendioso, a justificação da administração da empresa é muito pouco consistente.
Em suma, talvez esta tenha sido a primeira "Manuela" a comprometer as aspirações do primeiro-ministro, e tudo indica que não será a última.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa