Para uma vasta maioria de Magistrados a Justiça é aplicada sem os preconceitos que fazem de nós seres tão imperfeitos. Depois, existe uma minoria que não consegue ou não quer livrar-se desses preconceitos e dentro dessa minoria existe quem os abrace calorosamente. É o caso do Juiz Neto Moura - o tal que defende o apedrejamento de mulheres adúlteras; o tal para quem a leitura do Antigo Testamento só veio dar legitimidade à sua crueldade; o tal que já não devia pôr os pés num tribunal. As nódoas da Justiça.
Vejamos: um homem agride a mulher a soco, ferindo-a gravemente num tímpano. Esse homem é condenado em primeira instância a utilizar pulseira electrónica, pelo facto de se considerar que se trata de uma ameaça à vítima. O dito Juiz retira a pulseira electrónica escudando-se numa interpretação da lei que favorece o mundo de preconceitos onde chafurda.
A mulher em questão vive escondida porque o ex-marido e familiares continuam a ameaçá-la. A Justiça volta a falhar a estas vítimas, e quando as desgraças são profusamente divulgadas pela comunicação social o país sentencia-se por ter falhado, mas a Justiça continua igual a si mesma, mantendo os lugares daqueles que não deviam sequer ajuizar uma partida de futebol humano, quanto mais serem juízes em tribunais a sério.
Deste modo, da próxima vez que uma mulher sucumbir às mãos dos maridos, companheiros, ex-maridos, ex-companheiros poupem as lágrimas e pensem seriamente nos Netos Moura deste mundo.
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