O ano passado e este que ainda agora começou ameaçam ser os anos de todas as revoltas, em contraste com aquilo que se passou durante mais de quatro anos de governação encabeçada por Pedro Passos Coelho.
Seja através de provas de vida ou através de ataques ao Executivo de Costa, coadjuvado pelos partidos mais à esquerda e ansiosos por mostrar ao seu eleitorado que não venderam a alma ao diabo, seja por via da instrumentalização de alguns sindicatos por parte de uma direita que simplesmente não sabe o que fazer para derrubar a actual solução governativa, recorrendo mesmo a expedientes manhosos como crowdfunding, estes são os anos de todas as contestações.
Todavia, seja por via de prova de vida, seja até por instrumentalização por parte da direita, reconhece-se que boa parte das reivindicações são legítimas, quer no que toca às carreiras, quer no que diz respeito às condições de trabalho.
Ainda assim, e apesar de se compreender a degradação dos serviços públicos, processo iniciado por Sócrates e aprofundado por Passos Coelho, e que se têm vindo a agravar ao longo dos anos, a verdade é que se torna cada mais difícil explicar por que razão é este Executivo alvo de tanta indignação sindical com o apoio de algumas ordens profissionais, coisa nunca vista nos anos em que se procedeu ao maior ataque aos serviços públicos de que há memória em democracia. E para tornar tudo ainda mais ridículo, Passos Coelho, renascido dos (politicamente) mortos, vem criticar o governo, dando razão àqueles que, com maior ou menor manipulação, pugnam por melhores condições de trabalho e melhores serviços públicos que ele deu ordem para destruir.
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