Recep
Tayyip Erdogan
sai, pela primeira vez desde o golpe, e para visitar Vladimir Putin.
O líder turco, com ambições de sultão, insiste em voltar as
costas à Europa - estratégia que aparentemente estará a consolidar
desde o golpe falhado do mês passado.
Com
poderes reforçados e numa senda de liquidar inexoravelmente a
oposição, Erdogan prepara-se para se aproximar da Rússia, ao mesmo
tempo que se afasta da Europa, a mesma que anda há décadas a
alimentar a ideia de uma Turquia Estado-membro da UE; a mesma que
negociou um acordo para se ver livre dos refugiados que tem hipóteses
mínimas de ser cumprido.
A
aproximação da Turquia à Rússia coloca uma miríade de novos
problemas à NATO e não só. Trata-se afinal de um aliado do
Ocidente, membro da NATO, secularizada, mas não tanto. E parece ser
esse o caminho que Erdogan quer escolher como sendo o desígnio da
Turquia - menos secularizada, mais islamizada, mas sob controlo
férreo do mesmo Erdogan que também se prepara para se perpetuar no
poder, com mudanças na constituição e com enfraquecimento claro
do exército guardião do laicismo.
A
Europa essa perde um aliado de peso, um país central para toda a
geo-estratégia do continente, a par do Estado-tampão que, perante
os nossos olhos, vai abandonando a característica que o tornava
quase único: a secularização. Este é indiscutivelmente o maior
problema que a Europa terá de enfrentar nos próximos tempos, depois
dos últimos anos entretida com défices e com humilhações de
Estados-membros.
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