Se,
em política, as ideias ainda tivessem importância, Donald Trump não
teria a mais pequena possibilidade de vencer as próximas eleições
presidenciais. Se a existência de qualquer estrutura de pensamento
tivesse relevância, Trump nem sequer seria nomeado pelo Partido
Republicano, ou por qualquer outro partido.
Infelizmente,
como se vê, basta a irracionalidade e o preconceito que, de mãos
dadas, fazem a festa num contexto em que a inanidade é rainha.
Hillary
Clinton, por sua vez, e pressionada por Bernie Sanders, propõe o
aumento do salário mínimo, fazer frente a Wall Street,
designadamente no justo pagamento de impostos de modo a financiar
programas sociais, promete lutar pela igualdade salarial entre homens
e mulheres, a par do fim das propinas a estudantes de baixos
rendimentos. Este é um programa de esquerda; estas são medidas de
esquerda; Hillary fala ao país do seu ideário e parte do país
simplesmente não quer saber e talvez até se assuste quando
confrontado com qualquer coisa remotamente semelhante a um pensamento
estruturado, com a agravante de o mesmo ter origem numa mulher.
Trump,
para além de regurgitar preconceitos e vacuidades, promete fazer da
América um país grande, outra vez. E repetindo essa frase até à
exaustão galvaniza apoiantes e deixa-nos, a muitos de nós,
boquiabertos com a inexorável ausência de conteúdo no seu
discurso. O candidato republicano manifesta a sua ignorância em
quase todos os assuntos que aborda, designadamente os que dizem
respeito à política externa, e essa ignorância é exultada. O
candidato republicano mente, inventa números, empola factos e tudo
isso, apesar do escrutínio na comunicação social e na internet, é
novamente exultado como se de verdades absolutas se tratassem.
Parece
mentira, não parece? Importa também perceber o que leva tantos
cidadãos a escolher a criatura mais obtusa para os
representar.
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