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Mensagens

Mais um escândalo de corrupção

O caso "Face Oculta" configura mais um sintoma de que a corrupção é um dos problemas mais graves do país e que essa corrupção atinge fatalmente a moralidade que deveria caracterizar o Estado e as suas empresas. Mais uma vez vem a lume a promiscuidade entre empresas de capitais públicos, negociatas privadas e classe política (será que o Sr. Vara estaria onde está se não fosse a política?). Infelizmente, já todos sabemos quais as consequências deste caso - à excepção de um ou outro bode expiatório, tudo vai permanecer mais ou menos na mesma, ou seja o caso não tem consequências de maior, acaba por cair no esquecimento e todos continuamos a nossa vida, sem nos lembrarmos destes e de outros episódios. E, por outro lado, somos bem capazes de votar em quem não tem a mínima dúvida moral sobre como conduzir o destino do país - em perfeita harmonia com o seu próprio destino. A corrupção existe e a impunidade também. Mas essa é, em larga medida, uma consequência das nossas próprias acç...

Pessimismo nacional

O pessimismo já tinha tomado conta de muitos portugueses ao longo da última década, mas esse pessimismo tem vindo, aparentemente, a piorar. Senão vejamos: toda e qualquer esperança de melhorias significativas nos próximos tempos ter-se-á desvanecido com a reeleição do governo PS, mas desta vez sem maioria absoluta. Fica a ideia de que o governo de José Sócrates que já era mau, terá agora que governar sozinho enfrentado obstáculos que vão ser uma novidade - situação aparentemente pior no sentido da governação. Por outro lado, os ténues sinais de recuperação da economia ainda estão longe de se manifestar na vida das pessoas, com o desemprego a atingir números nunca antes vistos. Haverá razões para tanto pessimismo? A resposta é inequívoca: o país tem estado próximo do estado vegetativo e a clara degradação das condições de vida de muitos portugueses fundamentam o pessimismo que toma conta do país. É evidente que o tal pessimismo não traz vantagens e foi, ao longo dos últimos anos, comba...

Paquistão e Afeganistão

Estes dois países conheceram hoje dois fortes regressos à violência: no Paquistão , na cidade de Peshawar, um atentado no mercado já reclamou a vida a perto de 60 pessoas e no Afeganistão as vítimas pertenciam à ONU. Num caso e noutro verifica-se um denominador comum: o extremismo islâmico. No caso do Afeganistão, os talibã pretendem causar um elevado grau de destabilização para a segunda volta das eleições presidenciais, depois de se terem verificado irregularidades no acto eleitoral que deu a vitória a Hamid Karzai; no caso do Paquistão não será alheio o facto de Hillary Clinton estar de visita ao país, mas o recrudescimento dos radicais islâmicos no país, com ligações à Al-qaeda, e apoiantes dos talibãs afegãos, constitui uma séria ameaça à segurança e estabilidade do país. Em bom rigor, as zonas mais problemáticas da região encontram-se na linha de fronteira entre os dois países, com combates das forças afegãs e internacionais à ameaça talibã, acontecendo o mesmo com as forças paq...

Terrorismo de regresso

Soube-se hoje que a Al-qaeda reivindicou a autoria dos atentados de domingo em Bagdad. Recorde-se que morreram mais de 150 pessoas e que este atentado terá sido o mais grave dos últimos dois anos. Regressa assim o terrorismo com a marca daAl-qaeda ao Iraque, depois do progressivo estabelecimento do poder nas mãos dos iraquianos no país. Com a aproximação de eleições legislativas crescem as tentativas de provocar instabilidade e cresce também o receio de novos atentados. O Iraque conheceu um período de relativa acalmia, período esse que parece ter agora chegado ao fim. Para além das divisões sectárias no seio do país, designadamente entre a comunidade xiita e sunita, os arautos do radicalismo islâmico vêem no Iraque uma janela de oportunidade para espalhar a sua ideologia radical e almejam a chegada ao poder. Para tal, é imperativo que se crie um clima de instabilidade - precisamente aquilo que se procura com estes atentados - e que as forças estrangeiras abandonem definitivamente o te...

Também serve

O cenário político do país para os próximos tempos já está traçado: o Executivo de José Sócrates vai governar sozinho, não ficando, no entanto, excluída a possibilidade de um ou outro entendimento pontual. De qualquer modo, o primeiro-ministro é o primeiro a saber que governar sozinho é uma quase impossibilidade e que vai ter de contar com um parlamento pouco amigável. Mas este cenário é, porventura, menos mau do que aparentemente possamos imaginar. Ora, na eventualidade (ou inevitabilidade) do governo não conseguir governar e na hipótese de eleições antecipadas, o primeiro-ministro pode jogar um dos seus maiores trunfos: a carta davitimização. Com efeito, José Sócrates demonstrou ser exímio na tarefa de se vitimizar . Aliás esse foi um elemento central, a par com a propaganda, da sua forma de estar na política e na sua governação. Basta nos lembrarmos como todas as situações carregadas de opacidade são usadas, paradoxalmente, em benefício do primeiro-ministro. Foi assim com a questão ...

Um adeus esperado

O novo Governo foi ontem apresentado. Entre entradas e saídas, e algumas surpresas, a saída, já esperada, mas ainda assim muito desejada terá sido a da ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. A pessoa escolhida para ocupar o cargo, Isabel Alçada, começou mal ao afirmar ontem que não tinha sido convidada para o cargo. É claro que é necessário esperar para ver o trabalho da nova ministra, mas é previsível que a filosofia - impregnada de erros - continue a mesma. Haverá certamente mudanças, e seria desejável que a uma das mudanças mais significativas passasse por uma alteração no que diz respeito à relação entre o ministério e os professores. Para tal acontecer, o modelo de avaliação terá que ser revisto. Outro adeus esperado terá sido o de Mário Lino. Ministro controverso e com uma propensão inaudita para a polémica, Mário Lino deixa o lugar para António Mendonça que, como não poderia deixar de ser, faz das obras públicas a grande panaceia para a crise. Quanto ao ministro da Jus...

Dogmas e liberdade de expressão

José Saramago foi alvo de ferozes críticas por ter feito observações menos abonatórias da Bíblia e de Deus. Parte do país ignorou, por alguns momentos, que o sistema democrático é sinónimo de liberdades, designadamente de liberdade de expressão. Até um político do PSD,eurodeputado, proferiu palavras como "vergonha" e "renúncia à cidadania", mostrando que a classe política, ou parte dela, olha de forma despicienda para a liberdade de expressão. De resto, exemplos não faltam desse desprezo. As críticas, mesmo as destrutivas, são normais num contexto democrático. Agora o que não é aceitável é que se recomende que Saramago ou outro cidadão qualquer renuncie à sua cidadania por ter emitido opinião. O Prémio Nobel da Literatura tocou em dogmas cuja discussão acaba invariavelmente por ser inquinada. Não ouvimos uma linha de argumentação por parte dos detractores do escritor que fosse sólida e que defenda as suas posições; assistimos apenas a acusações de ignorância e à irr...