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Atraso civilizacional

Qualquer país considerado desenvolvido tem uma rede de transportes públicos digna desse nome. Portugal nunca teve e, apesar dos incentivos para a utilização dos transportes públicos, designadamente com a redução dos preços, continua a não ter, nem se vislumbra que venha a ter nos próximos anos. A rodovia sempre excitou governos e os muitos cidadãos.
O programa do PS para as últimas legislativas contém uma secção sobre a ferrovia, incomparavelmente menor e menos ambiciosa do que em programas de partidos como o Bloco de Esquerda, mas as referências e as promessas estão lá. A ver vamos.
Para já, e sobretudo desde a redução drástica do preço dos transportes, o cenário nas grandes cidades é dantesco: transportes a cair de podre repletos de gente, sobrelotação que acabará em desgraça. Ou seja, a medida, bem-vinda, de reduzir o preço dos títulos de modo a que mais pessoas utilizem os transportes públicos não foi acompanhada por qualquer medida não só para aumentar a oferta, como substituir o material em más condições, garantindo deste modo a segurança dos passageiros. Ou seja, Costa apostou forte e feio numa medida com objectivos meramente eleitoralistas. As questões ambientais ou outras como melhorias na mobilidade não foram determinantes, apenas o ímpeto eleitoralista de quem estava à beira de eleições.
Assim, qualquer espécie de investimento no sector nunca esteve sequer na calha. As eleições já foram e enquanto não existir nenhum percalço de  monta tudo vai andando, bem apertado e sempre a desafiar o destino. De mais este atraso civilizacional Portugal não se livra.

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