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Os complexos do Presidente da Câmara do Porto

A polémica em torno mudança de nome do edifício para Super Arena Pavilhão Rosa Mota, em vez de Pavilhão Rosa Mota Super Bock Arena levou o Presidente da Câmara do Porto a pedir para que "não me venham com complexos", enquanto refere que não vê problemas na marca de uma bebida alcoólica quando a própria cidade é conhecida pelo vinho do Porto.
Rui Moreira, provavelmente de forma deliberada, deixa de lado o essencial: a mercantilização de tudo, a ideia de que tudo está à venda, sem limites. Moreira prefere fazer comparações bacocas para justificar aquilo que lhe convém, comparando um vinho da região a uma marca de cerveja. Meter no mesmo saco, mesmo como tentativa de justificar o injustificável, o conceituado vinho do Porto, único e apreciado internacionalmente, com uma marca corriqueira de cerveja é, no mínimo, ofensivo para o primeiro e enaltecedor para o segundo.
Os complexos que o Presidente da Câmara do Porto não quer não são complexos nenhuns, são antes a manifestação de que nem tudo está à venda; que nem tudo pode estar à venda. E já agora, nem tudo é comparável.

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