O processo de saída do Reino Unido da União Europeia ultrapassou em muito a capacidade de entendimento de todos, incluindo, creio eu, dos próprios intervenientes. A inépcia está instalada e não tarda muito estaremos perante um ou vários sketches humorísticos dos Monty Phyton.
Mas talvez a primeira-ministra britânica, Theresa May, tenha finalmente encontrado um potencial caminho que não leve ao mais completo desastre de há memória em negociações deste nível.
Deste modo, May, que sabe estar politicamente esgotada, pede a colaboração do líder da oposição trabalhista, Jeremy Corbyn, enquanto solicita à UE uma nova extensão do artigo 50 ainda com o objectivo de conseguir uma saída com acordo no dia 12 de Abril. Recorde-se que May não consegue apoios junto do seu próprio partido.
Assim, a primeira-ministra ganha tempo para tentar ela própria convencer Corbyn a juntar-se a ela nestas terríveis negociações.
O líder trabalhista por sua vez já manifestou a sua irredutibilidade relativamente a duas questões: a manutenção de uma União Aduaneira que permita a salvaguarda do acesso aos mercados e a protecção de direitos dos trabalhadores, consumidores, sem esquecer a protecção ambiental, isto por um lado, e por outro, a salvaguarda da periclitante questão da Irlanda do Norte - nada que belisque a paz na região.
Com efeito, esta aproximação de May, como última hipótese, é interessante - esta poderá ser a oportunidade do líder trabalhista mostrar não só empenho num solução, como revelar-se determinante, a chave para essa solução. De resto, May é carta fora do baralho para as próximas eleições e entre os conservadores não se vislumbra alternativas.
Em suma, no meio de tanta inépcia, a junção de esforços de May e Corbyn poderá alumiar o caminho. No entanto, o tempo urge: as eleições europeias são no dia 22 de Maio, com ou sem Reino Unido.
Comentários