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Estado de emergência (política) de Pedro Santana Lopes

Santana Lopes, movido pelo habitual e tão raro sentido de responsabilidade, viu-se na obrigação de fazer um apelo aos partidos de centro-direita num texto publicado no Facebook intitulado "Imperativo Patriótico".
Esta podia muito bem ser a anedota da semana. Uma anedota que contaria com particularidades francamente divertidas: Santana Lopes no papel de cimento do centro-direita e uma sondagem que indica que 77% dos portugueses não o querem como primeiro-ministro nem que ele se banhe em ouro.
Agora num tom um pouco mais sério (não custa tentar), Santana Lopes pede para os líderes dos partidos de centro-direita se encontrarem "tão breve quanto possível". A razão? "Um estado de emergência política" relacionado com o binómio direita-esquerda, isto depois de Santana Lopes "ter passado 4 semanas na estrada a ouvir as preocupações dos portugueses", e acrescenta: "As pessoas estão muito preocupadas com a extrema-esquerda e com as políticas que cheiram a gonçalvismo. Há hipóteses de dois terços da próxima Assembleia da República ser assim, nem quero pensar nisso". Pela minha parte cheira-me a um misto de desespero e de uma absoluta falta de noção. De resto, mais risível do que a "emergência" de Santana Lopes só mesmo o estado a que toda a Direita chegou.

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