No seu livro "Down to Earth" Bruno Latour afirma, sem margem para equívocos, que não existe planeta para a globalização, estabelecendo uma relação entre as desigualdades, a desregulação e as questões ambientais num contexto de morte da solidariedade dos mais ricos em relação a todos os outros. De resto, num planeta sem espaço para todos, qual o sentido da solidariedade e num cenário em que não existe um futuro comum qual a razão dessa solidariedade, quando o que interessa é sobreviver?
Latour refere a Cimeira de Paris, em 2015, como ponto de viragem. Nessa cimeira, as várias lideranças políticas ter-se-ão apercebido de que modernidade com quem sempre sonharam não passará de um mero sonho. Não há planeta para a globalização.
O filósofo, antropólogo e sociólogo defende a necessidade de repensarmos conceitos como a modernidade, as fronteiras, o global e o local, referindo igualmente a necessidade de se dar início a novos planos para habitar a terra.
Este e outros pontos de partida para a reflexão continuarão a ser olimpicamente ignorados pela maior parte das lideranças políticas, a começar por aqueles que estão à frente de destinos de países como os EUA e o Brasil que, com os seus apaniguados, intensificam a destruição do planeta enquanto defendem fronteiras que fazem cada vez menos sentido, convencidos que o seu privilégio será eterno. E nada do que possamos imaginar nos sairá mais caro do que esta mentalidade.
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