Contrariamente ao que vinha a ser dito
nas últimas semanas nem a questão BES está controlada, nem
tão-pouco está tudo bem. O incauto António José Seguro foi dos
primeiros a revelar a sua surpresa, depois de há escassas semanas
ter ficado mais descansado na sequência de uma conversa que teve com
o Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. Outros mostraram
surpresa, de resto não se esperava que os prejuízos deste semestre
atingissem mais de 3,5 mil milhões de euros. Como é que gente tão
impoluta, tão bem posta, tão sagaz e tão importante foi capaz de
tamanha desonra?
Aqueles que não se esquecem da origem
desta crise; aqueles que sabem que o funcionamento do sector
financeiro apresenta similitudes com o funcionamento de organizações
criminosas; aqueles não ignoram a promiscuidade entre este sector e
o poder político, já não se surpreendem como António José Seguro
se surpreende.
Afinal não está tudo bem com o banco
do regime e com o grupo económico que o detém; afinal os negócios
imobiliários, especulativos, em off-shores, em Angola e em paraísos
fiscais não correram como o previsto. E é precisamente essa a
questão: estes negócios repletos de opacidade, para não ir mais
longe, correram mal, tornaram-se visíveis, outros negócios, de
outras instituições financeiras, vão passando incólumes.
Afinal não está tudo bem. Quem
diria?
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