Avançar para o conteúdo principal

Sem risco

A frase mais repetida nos últimos dias. Depois de outras frases terem sido regurgitadas pelos mais ilustres representantes políticos e pelo Governador do Banco de Portugal: "O BES é sólido"; "O Estado não vai intervir no BES"; ou ainda "uma coisa é o BES, outra é o GES". Nunca é demais repetir que quem proferiu estas frases, garantindo que estava tudo bem, são os mesmos que repetem até à exaustão a ideia de que esta solução do "bom" e do "mau" não implica riscos para os contribuintes. O mais incrível é que mais um bocadinho estas mesmas pessoas ainda aparecem como salvadoras dos contribuintes e dos depositantes. Anteontem foi a vez da ministra das Finanças papaguear as mesmas palavras, embora lá tenha acabado por reconhecer que não "há soluções sem risco", mas que este "é muito diminuto". Também foi assim com o BPN, tudo inicialmente muito apelativo e depois... a história conhecida, os valores é que nem por isso. Ficou-se também a saber que o juro a pagar anda perto dos 2,8 por cento, um contraste com os 8,5 por cento que BPI e BCP pagam pelos empréstimos do Estado.
Por aqui já se discutiu a questão da confiança e até a questão da fé. De resto, este Governo e este Presidente da República já nos deram uma vasta multiplicidade de exemplos que resultam na antítese da confiança. Com efeito, torna-se impossível confiar naquilo que sai das bocas de tão ilustres representantes políticos. O caso BES foi o último exemplo e este atinge uma dimensão "colossal".
Sublinho novamente que estas são as mesmas pessoas a garantir que solução escolhida não pesará no erário público, quando se trata precisamente de dívida pública, a menos que se consiga vender o banco no imediato e por valores, mais uma vez, colossais. Recorde-se que o banco na passada sexta-feira valia pouco mais de 500 milhões de euros e que se pretende vender por quase 5 mil milhões. Entramos novamente no domínio da fé.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma