Governador de Banco de Portugal,
Presidente da República e primeiro-ministro afirmaram e reiteraram
que estava tudo bem com o BES. Diz-se que teriam como objectivo a
salvaguarda da confiança - elemento essencial no funcionamento
do sistema financeiro... também se diz.
Porém, ao proferirem tais afirmações
e ao darem tais garantias criaram a ideia de que se tratava de um
banco sólido - uma ideia esfacelada em escassos dias. Investidores,
sobretudo pequenos investidores, acreditaram na história da solidez,
confiaram nas palavras do Governador do Banco de Portugal e nas
palavras dos responsáveis políticos. Confiaram e hoje perderam
tudo. Os grandes... enfim, veja-se o Goldman Sachs. É evidente que
o risco faz parte do jogo, mas quando o regulador refere a existência
de uma almofada financeira e quando alega a existência de
investidores interessados dá a impressão de se tratar de um negócio
lucrativo.
O Governador do Banco de Portugal
falhou, mas falharam também os membros do governo que sempre
defenderam a tese de que estava tudo controlado e que não seria
necessária qualquer intervenção do Estado. É também evidente que
Passos Coelho e o seu séquito pretendiam fazer um brilharete,
deixando a ideia de que se trata de um Executivo diferente do
anterior que nacionalizou o BPN, não tendo assim qualquer intenção
de aplicar dinheiros públicos na banca. Não foi assim, como se viu.
É tudo uma questão de confiança.
Insiste-se agora na tese de que os
cidadãos estão a salvo de mais esta palhaçada. Passos Coelho diz
ter salvaguardado os contribuintes, mas não refuta a possibilidade
deste empréstimo ter impacto negativo no défice. A solução
encontrada deixa de fora os contribuintes, penalizando os
accionistas. A verdade é que muito poucos acreditam nessa
salvaguarda. Relativamente ao empréstimo do Estado cobra-se 2,8 por
cento de juros e espera-se vender o Banco dentro em breve. Afinal
tudo uma questão de confiança, ou será de fé?
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