É desta forma que o ministro da
Economia, António Pires de Lima, qualifica o caso BES. Diz o
ministro que se trata de uma situação inexplicável para os
investidores e para o próprio Pires de Lima. Inexplicável, para
Pires de Lima, também é o caso do chico-espertismo da PT.
O caso será inexplicável para quem
acredita no funcionamento do sistema financeiro e nas parcas formas
de supervisão. É inexplicável para quem esqueceu a origem da crise
e as similitudes entre o sistema financeiro e organizações de
natureza criminosa.
O caso BES será inexplicável para o
ministro da Economia, mas tem uma várias explicações: uma
voracidade inesgotável, presunção, elitismo, promiscuidade entre
poder financeiro e poder político (veja-se o cadastro do BES nos
últimos dez anos, não havia negócio escabroso e opaco em Portugal
que não tivesse o cunho do banco), ineficácia da regulação, de
um sector que está há largos anos fora de controlo. O caso BES é
mais um, apenas isso.
De resto, estamos longe de vislumbrar
as consequências de mais este desastre da banca. Mas podemos
especular – também podemos especular: despedimentos em massa,
desde logo no Grupo Espírito Santo; contágio a outros bancos, como
se vê pelo comportamento desses bancos em bolsa e por novas
suspensões de venda de acções, enfraquecimento da credibilidade
externa, no que diz respeito aos investidores; credibilidade essa
tão cara ao nosso Governo, etc.
Os principais responsáveis do
Governo, sobretudo aqueles que não estão a banhos, garantem que vai
correr tudo bem. Inexplicável é ainda alguém acreditar nisso.
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