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A inevitabilidade de um ataque israelita

A possibilidade de Israel atacar instalações iranianas tem vindo a ganhar força. Quanto mais o tempo passar, mais essa possibilidade se tornará numa evidência. A explicação é simples: o tempo urge. Se Israel não se antecipar recorrendo a um ataque aéreo a instalações iranianas, o regime conseguirá desenvolver armas nucleares. Aliás, é expectável que o Irão seja detentor de tecnologia nuclear dentro de um a quatro anos.
Resume-se tudo, por conseguinte, a uma questão de tempo. Todavia existem outros factores que jogam a favor da eminência de um ataque israelita: a ineficácia de sanções, a falência da política externa europeia, o acentuar da retórica iraniana que advoga a destruição do Estado hebraico.
Paradoxalmente, a fraqueza dos Estados Unidos – consequência de opções falhadas da política externa da Administração Bush – pode pesar a favor de um ataque israelita; ou dito por outras palavras, o governo israelita pode chegar à conclusão que não pode estar, por tempo indeterminado, à espera de um apoio incondicional dos EUA. Nestas circunstâncias, Israel pode optar por atacar unilateralmente o Irão, contando, muito provavelmente, com um apoio menor dos EUA.
Uma acção militar israelita terá certamente direito a resposta do regime iraniano, essa resposta, porém, será sempre condicionada pela questão nuclear; Israel é a única potência nuclear na região. As consequências de uma acção militar israelita são difíceis de equacionar, mas todo o contexto muda se o Irão vir a deter armamento nuclear. E é isso que está em cima da mesa.
Contudo, existe uma certeza inabalável: toda a animosidade (utilizando um eufemismo) entre o Irão e Israel se não for debelada através da diplomacia, terá impactos incomensuráveis na estabilização do Médio Oriente. Infelizmente, esse parece o cenário mais plausível. A retórica apologista do regime dos mullahs virá acompanhada por manobras militares, demonstrando falaciosamente ou não, o poderia militar iraniano. Por outro lado, Israel não se vai coibir de intensificar os exercícios militares que antevêem a eclosão de um novo conflito no Médio Oriente.
Finalmente, importa relembrar que o Médio Oriente continua a ser uma das regiões mais periclitantes do Mundo. Qualquer faísca pode desencadear um reacender de posições extremadas que culminem com o recurso à opção militar.

Comentários

Baggy disse…
Um ataque israelita.
Sera que Israel e o Irão estao pouco antes de uma guerra nuclear?
No Médio Oriente ameaça ainda este ano uma guerra com armas nucleares, diz o autor Benny Morris. Ele explica por que um ataque israelita é inevitável se o regime de Teerão a sua nuclear non-stop até ao Outono. Até mesmo o período de um possível ataque já é clara.
Sera que mais uma vez a USA vai tomar a dianteira numa guerra? Sera que vai se introduzir neste "inevitavel" ataque israelita?
Mas, como resultado de Wirrwarrs cada vez mais no Iraque e no Afeganistão, a opinião pública americana das guerras no mundo islâmico tornou-se cansado. Isto limita a capacidade da Casa Branca, uma nova campanha militar, destinado principalmente a partir da perspectiva de muitos americanos não é de interesse vital na região.
A nova iniciativa diplomática em Washington é contra esse fundo. Presidente George W. Bush tem de mostrar o seu povo que ele havia esgotado todos os outros meios antes que ela tem para um americano - ou israelo - ataque a luz verde.
Sera que vai mesmo acontecer tal guerra?
Na minha opiniao nao é se havera, mas sim quando.
Os recentes relatórios sobre planos de ataque israelita e preparações se insere na imagem. Para uma série de razões, o intervalo de tempo de 5 Novembro de 2008 a 19 Janeiro 2009 é a data mais provável para um ataque militar.
Agora resta a pergunta: Que bons frutos vamos receber, desta guerra?
Concordo, a guerra parece ser mesmo uma inevitabilidade, resta saber quando. Outra questão curiosa é saber se os ataques israelitas vão decorrer durante o final do mandato de Bush ou durante o mandato do novo Presidente. Há quem advogue que os ataques terão lugar durante a transição entre um Presidente e outro.
Também é verdade que as consequências são ainda uma incógnita. Mas uma coisa é certa: as consequências serão catastróficas se o Irão conseguir desenvolver armas nucleares. Assim, se Israel atacar cirurgicamente alvos iranianos – como já o fez na Síria e no Iraque – é possível que as consequências não sejam muito acentuadas.
Infelizmente, não tenho dúvidas quanto aos planos iranianos para conseguir bombas nucleares e quanto à irreversibilidade do desenvolvimento de um programa nuclear. Do ponto de vista geoestratégico não é concebível que Israel alguma vez permitisse que um outro país do Médio Oriente viesse a possuir armas nucleares, muito menos quando se trata de uma teocracia como o Irão que recorre incessantemente a um discurso pró-destruição de Israel e que cultiva o mais abjecto ódio pelos israelitas, já para não falar das ligações do regime a grupos terroristas. Outra questão interessante é saber até que ponto vamos assistir a uma corrida a armas nucleares na região. Afinal, se o Irão vir a possuir armas nucleares, o que impede outros países de o fazerem, como por exemplo a Arábia Saudita.
Seja como for, a verdade é que a situação é preocupante. Uma guerra tem sempre impactos imprevisíveis, e tudo se torna mais complicado quando essa guerra tem como palco o Médio Oriente.
É curioso que na semana passada também li um artigo de Benny Morris, professor da Universidade Ben-Gurion, em Israel, em que ele reitera a sua quanto a um ataque israelita ao Irão. Acho que lemos o mesmo artigo!

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