Não
há certezas quanto a uma hipotética saída de um país da zona
euro. Essa possibilidade ganha força com o caso grego. As principais
consequências económicas são previsíveis: aumento do preço das
importações e consequente aumento da inflação que por sua vez
retirará poder de compra aos gregos, o que origina falências e
aumento do desemprego. O corte no acesso ao crédito implica
dificuldades para as empresas gregas, embora o Estado possivelmente
consiga garantir o pagamento de salários e pensões através de
receita proveniente de impostos.
A
Grécia será forçada a procurar outras fontes de financiamento,
possivelmente fora da esfera da UE, bem como procurará estreitar
relações económicas com esse países.
Paralelamente,
a Grécia voltará a imprimir moeda - uma moeda fraca que poderá
ajudar a impulsionar a economia, sobretudo com a ajuda de sectores
como o turismo, a par do que se terá passado com Islândia que,
depois de inflação e perda de poder de compra, assistiu a uma
recuperação da sua economia graças precisamente a uma moeda fraca.
De igual modo, o controlo de capitais e a nacionalização da banca
serão possíveis realidades num contexto de saída do euro.
Todavia
e embora os impactos do ponto de vista económico e financeiros sejam
de relevo, sobretudo no curto prazo, há aspectos a ter em conta para
toda a Europa, sobretudo no plano geopolítico. Assistiremos a uma
aproximação também no plano político da Grécia à Rússia, facto
que causa exasperação à Administração Obama - com efeito não é
de excluir o aumento da zona de influência da Rússia através do
estreitamento de relações com a Grécia.
De
igual modo, como vão Merkel e Hollande explicar aos respectivos
cidadãos que com o default gregos as perdas para os seus países
ascendem a 160 mil milhões de euros? Como se comportará uma Grécia
ainda mais humilhada no contexto da União Europeia, até porque a
saída da Zona Euro não implica a saída da própria UE. E como a
credibilidade da própria Zona Euro será posta em causa pelos
mercados, como vão estes reagir à abertura de um precedente? A
pergunta que muito provavelmente se colocará é a seguinte: quem se
segue?
De
resto, importa lembrar de que se trata da mesma Zona Euro cujo banco
central adoptou todas as medidas necessárias para injectar dinheiro
na banca privada, vendendo assim a mentira de que desta forma esse
mesmo dinheiro chegará às economias.
E
se a Grécia sair? E se esta solução democrática falhar, o que vai
acontecer com a própria Grécia? O extremismo pode muito bem estar
apenas à espera da sua oportunidade.
A
saída da Grécia, a concretizar-se, será um desastre para todos.
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