As
últimas semanas têm sido pródigas na divulgação de escândalos
envolvendo o primeiro-ministro e as suas obrigações com a Segurança
Social e com o Fisco. Percebe-se que os princípios éticos
associados ao desempenho de funções políticas são absolutamente
ignorados por quem está à frente dos destinos do país - não
esquecer que o primeiro-ministro já havia sido deputado antes de se
esquecer de pagar as contribuições à Segurança Social.
A
demissão está fora de questão até porque o afastamento do cargo
implica, por parte do próprio, um conjunto de princípios que
pessoas como Passos Coelho simplesmente não possuem. A oposição, a
poucos meses de eleições, parece preferir que o primeiro-ministro
coza em lume brando.
E
com tanta trapalhada insistimos em não discutir possíveis caminhos
e saídas para os impasses com que o país se depara. Governo e
oposição (sobretudo o Partido Socialista) agem como se não
tivessem de possuir um único pensamento político.
Assim,
continuamos sem saber o que pensa o PS sobre a dívida e o que fazer
com ela para poder garantir ao país qualquer coisa remotamente
semelhante a um futuro. Assim como continuamos à espera de posições
concretas sobre a UE e Zona Euro, sobre política externa no sentido
genérico, sobre o futuro do Estado Social, sobre o afastamento entre
cidadãos e políticos, sobre políticas ambientais, corrupção,
enfim, sobre a viabilidade de Portugal como país. Estes assuntos
envolvem estratégia e comprometimento - o que parece escapar à
percepção de quem se prepara para governar o país.
De
um lado, temos o empobrecimento dos
portugueses e
apodrecimento das instituições; do outro, o mais inexorável vazio.
Existem outros lados por explorar, mas aparentemente poucos de nós
se mostram dispostos a enveredar por essa exploração - o que
explica muito o nosso drama
colectivo.
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