Avançar para o conteúdo principal

Quem ganhou, quem perdeu

Depois da greve dos pilotos da TAP, analisa-se quem ganhou e quem perdeu. O professor Marcelo Rebelo de Sousa, na sua missa dominical, já avançou com um vencedor: o Governo. Discordo. Não há vencedores, mesmo com a opinião pública contra a greve, como frisa o professor, todos perderam. Ou todos perdemos.
O Governo saiu derrotado, mesmo que o professor e outros não vejam a questão dessa forma: saiu derrotado por ter agido de forma pouco consonante com a democracia, rejeitando o diálogo, manifestando prepotência e, sobretudo, por se encontrar ávido por vender a TAP.
Quanto aos pilotos, não creio que seja possível falar-se em vitória, pelo menos do ponto de vista prático. A TAP será vendida e os pilotos, mesmo manifestando a intenção de fazer nova greve, não conseguem ver as suas reivindicações atendidas.
Mas perdeu sobretudo o país que sob o jugo de um Governo prepotente e virado para os negócios mais obscuros, está sujeito a um empobrecimento colectivo. Paralelamente, o país aprendeu mais uma lição: em democracia o diálogo pode ser inexoravelmente obliterado pela avidez dos representantes políticos, sobretudo quando essa avidez está associada a negócios, como é o caso das privatizações.

O país perdeu e perde, consecutivamente, há pelo menos quatro anos, na precisa medida em que escolheu para representantes políticos um conjunto de pessoas imerso na promiscuidade entre poder político e poder económico, anulando a ideia de soberania do povo: em Portugal, como noutros país, é esse poder económico, coadjuvado pelo poder político, a tomar as grandes decisões, sob o olhar impávido daqueles que supostamente são soberanos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa