O
FMI, essa instituição tão conceituada, publicou mais um relatório
de análise à situação de Portugal, um relatório deliberadamente
ignorado pelo ministro da Economia, Pires de Lima, doravante
conhecido como o "optimista", sobretudo em vésperas de
eleições. Um relatório, uma reacção, uma verdadeira amálgama de
disparates.
No
seu relatório o FMI congratula-se com o sucesso do programa de
ajustamento, mas ainda assim não traça o cenário optimista de
acordo com os anseios dos partidos da coligação. Mas como o mesmo
FMI não sabe fazer outra coisa do que elogios ao ajustamento, é
referida a necessidade de proceder à aplicação de mais
austeridade. Como? É possível? Para esta gente é sempre possível.
Senão vejamos: ao invés de se aumentar o salário mínimo, devido
ao fantasma da competitividade e até porque Portugal vai no bom
caminho da desvalorização salarial, à moda chinesa, sugerem-se
medidas assistencialistas como a atribuição de um "crédito
fiscal" às famílias mais pobres; refere-se também a
necessidade de despedir mais funcionários públicos e implementação
de mais reformas estruturais sobretudo no mercado laboral; propõe-se
a suspensão de reformas antecipadas e defende-se a necessidade de
maiores contribuições - alegadamente estes senhores andam
preocupados com a sustentabilidade da Caixa Geral de Aposentações.
O relatório sugere também mais cortes na Educação, em especial
com despedimentos de professores, e cortes das pensões e salários.
E
para aqueles que gostam de dar o exemplo da Grécia, esse país caído
em desgraça por culpa da escolha democrática do seu povo, importa
referir que o Governo do Syrisa propôs uma redução do IVA dos
actuais 23 por cento para uns 15 por cento (e 18 por cento para
pagamentos a dinheiro). E os credores parece estarem dispostos a
aceitar.
Voltando
ao relatório, o FMI teme ainda que o milagre das exportações possa
não ser sustentável. Ou seja más notícias para um Governo que não
propriamente uma forte linha de argumentação consonante,
naturalmente, com a realidade.
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