A violência que tomou conta de Gaza,
nos territórios palestinianos, recrudesceu dramaticamente com a
ofensiva terrestre israelita.
O conflito israelo-palestiniano dura
há décadas, esta é uma região historicamente instável e depois
da torrente de vítimas ao longo dos anos, o conflito perdura. Pelo
caminho as resoluções das Nações Unidas são desprezadas. Este
mais recente agravamento, depois da morte de três jovens israelitas
na Cisjordânia (do lado palestiniano alega-se que dois jovens
palestinianos já tinham sido assassinados), Israel respondeu
visceralmente.
A comunidade internacional pede
tréguas, sem grande ímpeto , como de resto tem sido habitual.
De um lado o anti-semitismo do Hamas e
a utilização de rockets, insistindo numa posição contraproducente e que dá força às acções militares israelitas, fornecendo aos israelitas um pretexto, uma razão, uma certa legitimidade; do outro, de forma esmagadora, uma espécie
de colonização por parte de Israel, controlo da águas, da
eletricidade e até das relações comerciais, a par da implantação
de um sistema em tudo semelhante ao apartheid, que, paradoxalmente,
fazem lembrar tempos vergonhosos. Acresce a toda esta situação
insustentável os constantes bombardeamentos numa faixa em que milhão
e meio de pessoas vivem encurraladas. Se esta não é uma forma de
tirania, não sei o que se enquadra nessa definição.
Mais de 600 palestinianos pereceram,
75 por cento dos quais civis, dezenas de crianças. Os hospitais não
têm resposta para tantos feridos e muitos acabarão por morrer. O
ódio medra.
Israel alega o direito a proteger o
seu território. A verdade é incomensuravelmente mais complexa. A própria existência legítima de um Estado Palestiniano é posta em causa, deliberadamente. Aliás, não se deve descartar outras intenções que possam subjazer a esta operação militar que, num plano mais abragente, podem passar pela inviabilização absoluta do Estado Palestiniano, inviabilizando também uma solução de futuro que passe pela existência de dois Estados.
Importa que a comunidade internacional
intensifique a pressão no sentido de forçar uma trégua. Dos
Estados Unidos pouco se espera, sobretudo tendo em consideração o
historial com Israel; as Nações Unidas, reféns do conjunto de
países habitual, não tem conseguido que as suas resoluções sejam
levadas à prática e nada leva a crer que essa situação seja agora
invertida; a União Europeia poderia ter aqui uma oportunidade para
mediar as partes, procurando a tão almejada trégua, mas esta, como
tantas outras, será uma oportunidade perdida. Com efeito, muitas são
as empresas americanas e europeias que beneficiam do actual estado de
coisas, desde a finança, passando por sistemas informáticos e de
transportes, culminando, naturalmente, no fornecimento de armas.
Ódio e dinheiro falam sempre mais alto.
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