Miguel Sousa Tavares (MST) na sua crónica semanal na SIC desvalorizou os movimentos que se juntaram nos últimos dias junto à Assembleia da República. Disse tratar-se de um movimento espontâneo, alegando aquela fora uma contestação desordenada. Miguel Sousa Tavares referiu que muitos dos que passam a noite junto à Assembleia da República são pessoas que não têm nada para fazer. Acrescentou ainda a necessidade de trabalhar e poupar dinheiro. A revolta espontânea de que fala MST não tem soluções, não tem estrutura política e não nos diz como pagar a dívida.
Convém não esquecer que o pensamento de MST é o de muitos outros que não percebem a importância de movimentos de cidadãos para o enriquecimento democrático e para a luta contra as injustiças. Deste modo, proponho-me desmontar o discurso de MST que mais não é do que o discurso do costume.
A dívida . Os indignados não apresentam soluções para pagar a dívida que, segundo o pensamento único tem de ser paga. Ora, este argumento caiu por terra quando aqueles que são chamados a pagar a dívida, desconhecem-na, não sabem os seus contornos, de que dívida é que estamos a falar, para que é que o dinheiro foi pedido emprestado, quais os contratos subjacentes a essa dívida. Não será por acaso que os indignados - os tais apelidados de serem pouco estruturados - pugnam por uma auditoria cidadã à dívida pública. Com efeito, sem se conhecer a dívida e os seus contornos qualquer discurso no sentido de a pagar perde força.
É evidente que poucos querem essa auditoria. Nem em Portugal nem na Europa. Demasiados esqueletos no armário. Justamente ontem, um economista - que faz a apologia do pensamento único - no programa prós e contras, o Prof. Cantiga Esteves, insurgiu-se contra a possibilidade de se fazer tal auditoria, sem nunca referir um argumento que sustentasse a sua tese. Preferiu advogar a necessidade de uma auditoria à despesa, julgando ser o único a fazê-lo. Quem é que lhe disse que os restantes cidadãos não querem saber ao pormenor a despesa? É precisamente de mais informação, mais transparência de que estamos todos a falar.
Os que passam a noite junto à Assembleia da República. É certo que eram poucos e que muitos outros não podem fazer por terem de trabalhar. O que não é correcto é chamar à colação que essas mesmas pessoas "não têm nada para fazer". Errado. Elas estão a fazer alguma coisa, estão a lutar por uma vida melhor e por um país melhor. Parece-me que isso é mais do que uma pessoa se sentar num estúdio de televisão confortável a debitar palavras contra aqueles que tentam mudar o status quo.
A revolta é espontânea e não tem estrutura política. Sejamos realistas. Este é um movimento recente englobado noutros internacionais (MST não percebe que existem pontos em comum nas nossas críticas e nas críticas de cidadãos de outros países). Este é um movimento que sem qualquer tipo de apoio - até para a logística - que procura organizar-se em torno das pessoas chamando-as para integrarem esse movimento. Aliás, em bom rigor, este não é apenas um movimento, trata-se de um conjunto de vários movimentos cujo o rosto é o de todos nós.
E, finalmente, a famigerada necessidade de trabalhar e de poupar dinheiro. Quem é que não está a trabalhar? Quem não pode, quem perdeu o emprego. E quem é que está a trabalhar? Cidadãos reféns da precariedade e de todo o tipo de abusos num país em que o emprego é um bem de luxo; cidadãos que vêem todos os dias o seu salário encolher. Quem é que poupa? Quem tem essa possibilidade. Muitos outros já não a têm. Dir-se-á que as pessoas foram irresponsáveis na aquisição de créditos. E a banca e a pornografia das financiadoras que aliciaram as pessoas e impingiram produtos perigosos. Todos já passamos por situações difíceis, todos já cometemos erros e todos, TODOS, já fomos aliciados por quem vende gato por lebre.
Os movimentos que integram cada vez mais cidadãos que lutam por um país, consolidando a democracia participativa, merecem a consideração de todos. Niilismos à parte, nem todos procuram protagonismo, tachos ou entram na persecução de interesses menos consonantes com o interesse geral. Há quem só queira um país melhor, um mundo mais justo e lute por isso. Talvez seja isso que falte perceber. A verdade é que não estamos habituados.
Convém não esquecer que o pensamento de MST é o de muitos outros que não percebem a importância de movimentos de cidadãos para o enriquecimento democrático e para a luta contra as injustiças. Deste modo, proponho-me desmontar o discurso de MST que mais não é do que o discurso do costume.
A dívida . Os indignados não apresentam soluções para pagar a dívida que, segundo o pensamento único tem de ser paga. Ora, este argumento caiu por terra quando aqueles que são chamados a pagar a dívida, desconhecem-na, não sabem os seus contornos, de que dívida é que estamos a falar, para que é que o dinheiro foi pedido emprestado, quais os contratos subjacentes a essa dívida. Não será por acaso que os indignados - os tais apelidados de serem pouco estruturados - pugnam por uma auditoria cidadã à dívida pública. Com efeito, sem se conhecer a dívida e os seus contornos qualquer discurso no sentido de a pagar perde força.
É evidente que poucos querem essa auditoria. Nem em Portugal nem na Europa. Demasiados esqueletos no armário. Justamente ontem, um economista - que faz a apologia do pensamento único - no programa prós e contras, o Prof. Cantiga Esteves, insurgiu-se contra a possibilidade de se fazer tal auditoria, sem nunca referir um argumento que sustentasse a sua tese. Preferiu advogar a necessidade de uma auditoria à despesa, julgando ser o único a fazê-lo. Quem é que lhe disse que os restantes cidadãos não querem saber ao pormenor a despesa? É precisamente de mais informação, mais transparência de que estamos todos a falar.
Os que passam a noite junto à Assembleia da República. É certo que eram poucos e que muitos outros não podem fazer por terem de trabalhar. O que não é correcto é chamar à colação que essas mesmas pessoas "não têm nada para fazer". Errado. Elas estão a fazer alguma coisa, estão a lutar por uma vida melhor e por um país melhor. Parece-me que isso é mais do que uma pessoa se sentar num estúdio de televisão confortável a debitar palavras contra aqueles que tentam mudar o status quo.
A revolta é espontânea e não tem estrutura política. Sejamos realistas. Este é um movimento recente englobado noutros internacionais (MST não percebe que existem pontos em comum nas nossas críticas e nas críticas de cidadãos de outros países). Este é um movimento que sem qualquer tipo de apoio - até para a logística - que procura organizar-se em torno das pessoas chamando-as para integrarem esse movimento. Aliás, em bom rigor, este não é apenas um movimento, trata-se de um conjunto de vários movimentos cujo o rosto é o de todos nós.
E, finalmente, a famigerada necessidade de trabalhar e de poupar dinheiro. Quem é que não está a trabalhar? Quem não pode, quem perdeu o emprego. E quem é que está a trabalhar? Cidadãos reféns da precariedade e de todo o tipo de abusos num país em que o emprego é um bem de luxo; cidadãos que vêem todos os dias o seu salário encolher. Quem é que poupa? Quem tem essa possibilidade. Muitos outros já não a têm. Dir-se-á que as pessoas foram irresponsáveis na aquisição de créditos. E a banca e a pornografia das financiadoras que aliciaram as pessoas e impingiram produtos perigosos. Todos já passamos por situações difíceis, todos já cometemos erros e todos, TODOS, já fomos aliciados por quem vende gato por lebre.
Os movimentos que integram cada vez mais cidadãos que lutam por um país, consolidando a democracia participativa, merecem a consideração de todos. Niilismos à parte, nem todos procuram protagonismo, tachos ou entram na persecução de interesses menos consonantes com o interesse geral. Há quem só queira um país melhor, um mundo mais justo e lute por isso. Talvez seja isso que falte perceber. A verdade é que não estamos habituados.
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