Amanhã será o dia de todas as decisões, ou talvez não. Muito provavelmente não. Fala-se do reforço do Fundo Europeu de Estabilização Financeira, da recapitalização da banca e de um possível perdão da dívida grega. Os mercados desanimam.
Quanto ao perdão da dívida grega. Desde logo importa referir que a situação grega chegou ao ponto de se tornar insustentável. Para tal contribuíram as políticas alemãs, primeiro virando as costas ao problema grego, depois impondo fortíssimos planos de austeridade que invalidaram qualquer possibilidade de recuperação. Os mercados fizeram o resto do trabalho, exigindo aos gregos juros obscenos. Há responsáveis para a inviabilidade económico-financeira da Grécia e reconheça-se de uma vez por todas quem são esses responsáveis e que políticas lhe estão subjacentes. O perdão da dívida grega está longe de ser possível, em particular quando as condições desse perdão serão impostas pela Alemanha. Resta saber qual o peso do perdão para o povo grego.
Desta vez nem uma reestruturação da dívida grega será suficiente para aliviar aquele país. O problema já tomou dimensões incomensuráveis e tornou-se descontrolável. Agora é tarde.
Portugal segue os passos da Grécia. A cegueira ideológica do Governo nem podia permitir que fosse de outra maneira. Já se percebeu que dificilmente se conseguirá atingir as metas a que o Governo português se propôs e a receita de austeridade aniquila a economia portuguesa, tornando impossível, à semelhança da Grécia, a recuperação, por ténue que seja. Mais, o perdão à dívida grega com as condições da Alemanha, o fantasma da falência deste país a par da sua provável saída do Euro vai relançar todas as atenções para quem se segue à Grécia. No caso, Portugal. O efeito de contágio - que tem sido incessantemente ignorado - acabará por ter um enorme impacto em Portugal.
O directório franco-alemão insiste nas receitas falhadas. Pretende reforçar o FEEF, sem uma mudança na natureza do BCE, esse reforço do FEEF será sempre insuficiente e mais não é do que uma medida de recurso.
Entretanto, países como Espanha e Itália seguem por caminhos tortuosos sob a mira dos mercados.
As divisões no seio do directório franco-alemão complicam ainda mais a equação. Sarkozy e Merkel têm ideias diferentes para resolver a crise. Merkel agarrada ao neoliberalismo, Sarkozy ameaçado pela proximidade de eleições e resoluto no apoio à banca francesa.
Amanhã será o dia decisivo. Pelo menos terá esse peso. Infelizmente, outros caminhos para salvar o Euro são postos de lado. O Orçamento continuará a ser risível, a uniformização fiscal um devaneio e a mudança de filosofia do BCE (agindo como um verdadeiro banco central) uma utopia. A união política não existe. O que existe são dois países que digladiam argumentos entre si e que agem tarde demais. Desta vez já nem criam expectativas. Os mercados desanimam - termo curioso. Os mesmos mercados que numa senda de especulação pouco vista atacaram e empolaram as crises da dívida soberana, enriqueceram, depois de 2008 e do desastre que isso implicou. Tenha-se em atenção os CDS no caso espanhol, italiano e até francês.
Independentemente das solução dos directório franco-alemão que substitui as instituições europeias e os restantes países, a Grécia dificilmente se salvará, o perdão negociado pela Alemanha poderá ser demasiado oneroso para a Grécia e a Europa tornou-se numa anedota, caminhando a passos largos para o seu fim. Apesar de tudo e paradoxalmente, poucos de nós saberão exactamente de que dívidas é que andamos há tanto tempo a falar. De igual modo, a Grécia ensina-nos uma lição que muito teimam em não querer aprender: austeridade draconiana leva-nos ao abismo e pelo caminho empurra outros para o mesmo destino.
Quanto ao perdão da dívida grega. Desde logo importa referir que a situação grega chegou ao ponto de se tornar insustentável. Para tal contribuíram as políticas alemãs, primeiro virando as costas ao problema grego, depois impondo fortíssimos planos de austeridade que invalidaram qualquer possibilidade de recuperação. Os mercados fizeram o resto do trabalho, exigindo aos gregos juros obscenos. Há responsáveis para a inviabilidade económico-financeira da Grécia e reconheça-se de uma vez por todas quem são esses responsáveis e que políticas lhe estão subjacentes. O perdão da dívida grega está longe de ser possível, em particular quando as condições desse perdão serão impostas pela Alemanha. Resta saber qual o peso do perdão para o povo grego.
Desta vez nem uma reestruturação da dívida grega será suficiente para aliviar aquele país. O problema já tomou dimensões incomensuráveis e tornou-se descontrolável. Agora é tarde.
Portugal segue os passos da Grécia. A cegueira ideológica do Governo nem podia permitir que fosse de outra maneira. Já se percebeu que dificilmente se conseguirá atingir as metas a que o Governo português se propôs e a receita de austeridade aniquila a economia portuguesa, tornando impossível, à semelhança da Grécia, a recuperação, por ténue que seja. Mais, o perdão à dívida grega com as condições da Alemanha, o fantasma da falência deste país a par da sua provável saída do Euro vai relançar todas as atenções para quem se segue à Grécia. No caso, Portugal. O efeito de contágio - que tem sido incessantemente ignorado - acabará por ter um enorme impacto em Portugal.
O directório franco-alemão insiste nas receitas falhadas. Pretende reforçar o FEEF, sem uma mudança na natureza do BCE, esse reforço do FEEF será sempre insuficiente e mais não é do que uma medida de recurso.
Entretanto, países como Espanha e Itália seguem por caminhos tortuosos sob a mira dos mercados.
As divisões no seio do directório franco-alemão complicam ainda mais a equação. Sarkozy e Merkel têm ideias diferentes para resolver a crise. Merkel agarrada ao neoliberalismo, Sarkozy ameaçado pela proximidade de eleições e resoluto no apoio à banca francesa.
Amanhã será o dia decisivo. Pelo menos terá esse peso. Infelizmente, outros caminhos para salvar o Euro são postos de lado. O Orçamento continuará a ser risível, a uniformização fiscal um devaneio e a mudança de filosofia do BCE (agindo como um verdadeiro banco central) uma utopia. A união política não existe. O que existe são dois países que digladiam argumentos entre si e que agem tarde demais. Desta vez já nem criam expectativas. Os mercados desanimam - termo curioso. Os mesmos mercados que numa senda de especulação pouco vista atacaram e empolaram as crises da dívida soberana, enriqueceram, depois de 2008 e do desastre que isso implicou. Tenha-se em atenção os CDS no caso espanhol, italiano e até francês.
Independentemente das solução dos directório franco-alemão que substitui as instituições europeias e os restantes países, a Grécia dificilmente se salvará, o perdão negociado pela Alemanha poderá ser demasiado oneroso para a Grécia e a Europa tornou-se numa anedota, caminhando a passos largos para o seu fim. Apesar de tudo e paradoxalmente, poucos de nós saberão exactamente de que dívidas é que andamos há tanto tempo a falar. De igual modo, a Grécia ensina-nos uma lição que muito teimam em não querer aprender: austeridade draconiana leva-nos ao abismo e pelo caminho empurra outros para o mesmo destino.
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