O primeiro-ministro, já aqui se referiu, falou da necessidade do país empobrecer. Ontem o ministro das Finanças referiu que Portugal, depois de tantas agruras, retomará o caminho da prosperidade. No mesmo dia sabe-se que o custo acumulado do BPN no défice é superior ao que vai ser retirado em subsídios. Uma situação vergonhosa, para não dizer mais.
Quanto ao empobrecimento ambicionado pelo primeiro-ministro não há muito a dizer e que há já aqui se disse. Relativamente às promessas de prosperidade feitas pelo difícil de caracterizar ministro das Finanças, há muito por dizer. Desde logo, não se percebe as diferenças entre os discursos do primeiro-ministro e o seu ministro das Finanças, afinal de contas falar-se na mesma semana na necessidade de empobrecer e nas promessas de prosperar parece, no mínimo, paradoxal.
Por outro lado, o ministro das Finanças ignora todo o manancial de problemas estruturais que assolam a economia portuguesa. Como se esses problemas não existissem.
Desde modo, do ponto de vista do ministro, depois das contas públicas sanadas, o país retomará (?) a rota da prosperidade. Ignora-se, portanto, os problemas da Justiça, a baixa produtividade (que o Governo julga resolver com mais horas de trabalho, mais flexibilização nos despedimentos, mais precariedade e menos direitos dos trabalhadores), a partidocracia que envolve negócios entre Estado e alguns intervenientes privados, deixando de fora muitas empresas, contribuindo assim para o aumento da despesa do Estado. O ministro ignora igualmente a ineficiência da Administração Pública, factor que contribui inquestionavelmente para a fraca competitividade da economia portuguesa. O ministro, afundado em números, não consegue ver para além disso. Mas afirma ver a prosperidade.
Por outro lado, não se percebe muito bem de que forma é que se vai combater o endividamento do país, quando esse endividamento é, na sua maioria, privado e mesmo em relação ao endividamento público, este traduz-se em empréstimos em cima de empréstimos sem um vislumbre de crescimento económico.
Para concluir, importa analisar quais as causas do falhanço do neoliberalismo, Ora aqui está uma ideologia adoptada pela maior parte dos governos europeus, mesmo por aqueles que se dizem sociais-democratas ou socialistas e que continua a comandar os destinos dos povos, apesar de ter falhado clamorosamente.
Sabemos as falhas do comunismo. O filósofo francês André Comte-Sponville, no seu livro "O capitalismo será moral" faz uma excelente análise dessas falhas, designadamente quando refere o erro de Marx na sua tentativa de moralizar a economia. Adianta ainda que para o comunismo ser exequível seria necessário que os homens pusessem o interesse geral à frente dos interesses particular. Mas Comte-Sponville aponta falhas no neoliberalismo e naquilo que designa por tirania dos mercados. Sublinha a amoralidade do capitalismo, mas aponta os perigos do Estado mínimo, refere a perda de soberania dos povos, na medida em que a soberania pertence aos mercados. São eles que decidem, como hoje é perceptível como nunca antes. Deste modo deixa de haver democracia, passando a existir aquilo que Comte-Sponville designa por tirania dos mercados. É precisamente essa tirania que merece ser analisada em conjunto com a ideologia que lhe subjaz e que configura um falhanço, mesmo não reconhecido.
É impensável pedir-se aos ilustres membros deste governo que façam uma análise similar, desde logo porque estão cegos pela ideologia que seguem, como outros no passado também seguiram cegamente outras ideologias. E depois porque fazer esta análise pressupunha chegar à conclusão do falhanço das suas ideias e, como sabemos, poucos são aqueles que, mesmo depois da cegueira passar, assumem os erros e reconhecem que estavam enganados..
Quanto ao empobrecimento ambicionado pelo primeiro-ministro não há muito a dizer e que há já aqui se disse. Relativamente às promessas de prosperidade feitas pelo difícil de caracterizar ministro das Finanças, há muito por dizer. Desde logo, não se percebe as diferenças entre os discursos do primeiro-ministro e o seu ministro das Finanças, afinal de contas falar-se na mesma semana na necessidade de empobrecer e nas promessas de prosperar parece, no mínimo, paradoxal.
Por outro lado, o ministro das Finanças ignora todo o manancial de problemas estruturais que assolam a economia portuguesa. Como se esses problemas não existissem.
Desde modo, do ponto de vista do ministro, depois das contas públicas sanadas, o país retomará (?) a rota da prosperidade. Ignora-se, portanto, os problemas da Justiça, a baixa produtividade (que o Governo julga resolver com mais horas de trabalho, mais flexibilização nos despedimentos, mais precariedade e menos direitos dos trabalhadores), a partidocracia que envolve negócios entre Estado e alguns intervenientes privados, deixando de fora muitas empresas, contribuindo assim para o aumento da despesa do Estado. O ministro ignora igualmente a ineficiência da Administração Pública, factor que contribui inquestionavelmente para a fraca competitividade da economia portuguesa. O ministro, afundado em números, não consegue ver para além disso. Mas afirma ver a prosperidade.
Por outro lado, não se percebe muito bem de que forma é que se vai combater o endividamento do país, quando esse endividamento é, na sua maioria, privado e mesmo em relação ao endividamento público, este traduz-se em empréstimos em cima de empréstimos sem um vislumbre de crescimento económico.
Para concluir, importa analisar quais as causas do falhanço do neoliberalismo, Ora aqui está uma ideologia adoptada pela maior parte dos governos europeus, mesmo por aqueles que se dizem sociais-democratas ou socialistas e que continua a comandar os destinos dos povos, apesar de ter falhado clamorosamente.
Sabemos as falhas do comunismo. O filósofo francês André Comte-Sponville, no seu livro "O capitalismo será moral" faz uma excelente análise dessas falhas, designadamente quando refere o erro de Marx na sua tentativa de moralizar a economia. Adianta ainda que para o comunismo ser exequível seria necessário que os homens pusessem o interesse geral à frente dos interesses particular. Mas Comte-Sponville aponta falhas no neoliberalismo e naquilo que designa por tirania dos mercados. Sublinha a amoralidade do capitalismo, mas aponta os perigos do Estado mínimo, refere a perda de soberania dos povos, na medida em que a soberania pertence aos mercados. São eles que decidem, como hoje é perceptível como nunca antes. Deste modo deixa de haver democracia, passando a existir aquilo que Comte-Sponville designa por tirania dos mercados. É precisamente essa tirania que merece ser analisada em conjunto com a ideologia que lhe subjaz e que configura um falhanço, mesmo não reconhecido.
É impensável pedir-se aos ilustres membros deste governo que façam uma análise similar, desde logo porque estão cegos pela ideologia que seguem, como outros no passado também seguiram cegamente outras ideologias. E depois porque fazer esta análise pressupunha chegar à conclusão do falhanço das suas ideias e, como sabemos, poucos são aqueles que, mesmo depois da cegueira passar, assumem os erros e reconhecem que estavam enganados..
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