Paira sobre o país a ameaça de falência, pelo menos a julgar pelas análises de alguns economistas de renome internacional, incluindo Joseph Stiglitz, prémio Nobel da economia. A pressão intensifica-se sobre a economia do pais que passou a estar nos olhos do mundo como um possível sucessor da Grécia no contexto de fragilidade económica. O Programa de Estabilidade e Crescimento apresentado pelo Governo contou com a aprovação da União Europeia, mas aos olhos de muitos economistas e analistas é insuficiente.
Existem consequências práticas desta ideia de que Portugal não está a resolver os seus problemas e a caminhar para a falência: os mercados reagem, e as taxas de juro continuam a subir, e a nossa economia não tem capacidade para suportar contínuas subidas das taxas de juro.
A ideia de que Portugal será precursor da Grécia no pior sentido - uma espécie de país que se segue - está a comprometer a própria recuperação económica. Não se compreende que a União Europeia dê o seu OK ao PEC, e ao mesmo tempo sejam várias as vozes a ter dúvidas quanto à recuperação económica do nosso país, quando não chegam mesmo a traçar cenários catastróficos.
Os jornais alemães já perguntam se Portugal, caminhando no sentido da Grécia, vai necessitar do seu precioso dinheiro; economistas americanos falam em possível falência. Uns e outros têm as suas razões para tanto pessimismo: os alemães reagem mal a tudo o que seja uma fuga à austeridade que apregoam, e na qualidade de principal contribuidor da economia europeia, mostram como a solidariedade como pilar da construção europeia é conceito vazio de sentido - o que interessa é não comprometer o Euro e manter-se no rumo que foi delineado pela Alemanha para fazer uma união económica e monetária à sua medida.
Portugal cometeu erros que se pagam caros num contexto de globalização económica, de competição exacerbada, e do culto do individualismo levado ao extremo. Cedeu à tentação de se endividar - Estado, empresas e famílias -, foi pouco cuidadoso com as despesas, deitando por terra um défice de menos de três por cento; foi incapaz de proceder às reformas que o país necessita há décadas, inviabilizando assim o crescimento económico. Justiça, Educação e Administração Pública esperam e desesperam por reformas consensualmente necessárias. Fizeram-se, nos últimos anos, algumas boas apostas na área do ambiente, em particular a aposta nas energias renováveis, mas ficámos por aí. O investimento nacional e estrangeiro continua muito relutante em apostar num país com fraca qualidade a nível de recursos humanos, com uma Justiça ineficaz, com uma legislação fiscal que muda ao sabor do vento, e, ainda, com burocracias atrás de burocracias. A isto acresce a entrada de novos países para a economia global que colocam problemas a uma economia que há largos anos que se baseia nos baixos salários e nas escassas qualificações.
É claro que a fé nos mercados, e até as teorias darwinistas que postulam que os actores económicos lutam pela salvaguarda do mercado, saiu ligeiramente beliscada pela crise internacional, mas os pressupostos mantém-se. No essencial tudo se mantém na mesma: prémios chorudos para administradores de grandes empresas, desemprego e precariedade para o resto, em particular para os jovens. Nestas circunstâncias, não é de excluir, mesmo em Portugal, um período de forte convulsão social.
Existem consequências práticas desta ideia de que Portugal não está a resolver os seus problemas e a caminhar para a falência: os mercados reagem, e as taxas de juro continuam a subir, e a nossa economia não tem capacidade para suportar contínuas subidas das taxas de juro.
A ideia de que Portugal será precursor da Grécia no pior sentido - uma espécie de país que se segue - está a comprometer a própria recuperação económica. Não se compreende que a União Europeia dê o seu OK ao PEC, e ao mesmo tempo sejam várias as vozes a ter dúvidas quanto à recuperação económica do nosso país, quando não chegam mesmo a traçar cenários catastróficos.
Os jornais alemães já perguntam se Portugal, caminhando no sentido da Grécia, vai necessitar do seu precioso dinheiro; economistas americanos falam em possível falência. Uns e outros têm as suas razões para tanto pessimismo: os alemães reagem mal a tudo o que seja uma fuga à austeridade que apregoam, e na qualidade de principal contribuidor da economia europeia, mostram como a solidariedade como pilar da construção europeia é conceito vazio de sentido - o que interessa é não comprometer o Euro e manter-se no rumo que foi delineado pela Alemanha para fazer uma união económica e monetária à sua medida.
Portugal cometeu erros que se pagam caros num contexto de globalização económica, de competição exacerbada, e do culto do individualismo levado ao extremo. Cedeu à tentação de se endividar - Estado, empresas e famílias -, foi pouco cuidadoso com as despesas, deitando por terra um défice de menos de três por cento; foi incapaz de proceder às reformas que o país necessita há décadas, inviabilizando assim o crescimento económico. Justiça, Educação e Administração Pública esperam e desesperam por reformas consensualmente necessárias. Fizeram-se, nos últimos anos, algumas boas apostas na área do ambiente, em particular a aposta nas energias renováveis, mas ficámos por aí. O investimento nacional e estrangeiro continua muito relutante em apostar num país com fraca qualidade a nível de recursos humanos, com uma Justiça ineficaz, com uma legislação fiscal que muda ao sabor do vento, e, ainda, com burocracias atrás de burocracias. A isto acresce a entrada de novos países para a economia global que colocam problemas a uma economia que há largos anos que se baseia nos baixos salários e nas escassas qualificações.
É claro que a fé nos mercados, e até as teorias darwinistas que postulam que os actores económicos lutam pela salvaguarda do mercado, saiu ligeiramente beliscada pela crise internacional, mas os pressupostos mantém-se. No essencial tudo se mantém na mesma: prémios chorudos para administradores de grandes empresas, desemprego e precariedade para o resto, em particular para os jovens. Nestas circunstâncias, não é de excluir, mesmo em Portugal, um período de forte convulsão social.
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