O mundo está com os olhos postos na cimeira que reúne 85 por cento da riqueza mundial e que procura soluções para combater a crise internacional. Para além das soluções o mundo espera mudanças de fundo que permitam evitar a eclosão de crises como aquela que estamos a viver. Outros vão mais longe e esperam uma mudança do próprio capitalismo. Parece-me que as soluções que vão sair da cimeira serão intermédias: tem que haver forçosamente mudanças, no sentido da regulação e de um maior controle do ímpeto selvagem do capitalismo, mas a sua natureza dificilmente será contrariada. A cimeira ainda antes de começar já mostrou divergências entre os EUA/Reino Unido e França/Alemanha. O que só por si é um mau sinal. Além disso, existe uma questão que não pode ser esquecida: a das economias que tem vindo a perder o domínio para as chamadas economias emergentes que clamam por um reconhecimento da sua importância.
No essencial, a crise é uma consequência do desaparecimento paulatino da política e da sua substituição pela economia, até mesmo em assuntos exclusivos da soberania dos cidadãos. Encarou-se o mercado como grande panaceia para os males do mundo e importou-se um modelo de capitalismo desregulado, fora das mãos dos políticos. Hoje, e depois deste modelo estar muito perto de soçobrar, voltou-se novamente à esfera dos políticos, designadamente dos representantes eleitos pelos cidadãos, para pedir auxílio.
Com efeito hoje reúnem-se os representantes eleitos de uma parte substancial do mundo, precisamente aqueles que foram alheados ou alhearam-se deliberadamente de assuntos deixados às mãos do sector financeiro e aos mercados. Hoje todos se regeneraram, hoje a regulação passou a fazer parte do discurso dos principais líderes políticos, quando antes falar de regulação era conversa própria da esquerda mais radical. De um modo geral, todos nós precisámos de uma crise (e alguns de nós precisam de outra) para perceber que a responsabilidade também é nossa. Já nem falo de cultura financeira e de sensatez, mas sim do desprezo que sentimos pela política e pelos políticos e a inercia que nos invade. A política é considerada, por uns, uma coisa suja; e outros nem sequer tecem considerações porque simplesmente preferem viver desligados da política. Ora, é nossa responsabilidade escolher os representantes dos cidadãos, como também é nossa responsabilidade estar minimamente atento ao que se passa em nosso redor, assim como ter a capacidade de exigir mais de quem nos representa. Afinal, somos nós, cidadãos, os detentores da soberania.
Infelizmente, a tibieza das lideranças políticas a par da letargia dos cidadãos foi terreno fértil para todo o tipo de excessos. Hoje e durante os próximos dias vamos ver a força das actuais lideranças políticas e esperar que a cimeira se paute pelo entendimento e pela coragem de reconhecer o que falhou no actual modelo, procurando adoptar novos caminhos para revitalizar o sistema capitalista. Por cá, a esperança começa a rarear - as lideranças políticas são, em muitos casos e havendo naturalmente honrosas excepções, do mais medíocre que há. Mas a mediocridade não se cinge apenas às lideranças políticas, como há já muito se percebeu.
No essencial, a crise é uma consequência do desaparecimento paulatino da política e da sua substituição pela economia, até mesmo em assuntos exclusivos da soberania dos cidadãos. Encarou-se o mercado como grande panaceia para os males do mundo e importou-se um modelo de capitalismo desregulado, fora das mãos dos políticos. Hoje, e depois deste modelo estar muito perto de soçobrar, voltou-se novamente à esfera dos políticos, designadamente dos representantes eleitos pelos cidadãos, para pedir auxílio.
Com efeito hoje reúnem-se os representantes eleitos de uma parte substancial do mundo, precisamente aqueles que foram alheados ou alhearam-se deliberadamente de assuntos deixados às mãos do sector financeiro e aos mercados. Hoje todos se regeneraram, hoje a regulação passou a fazer parte do discurso dos principais líderes políticos, quando antes falar de regulação era conversa própria da esquerda mais radical. De um modo geral, todos nós precisámos de uma crise (e alguns de nós precisam de outra) para perceber que a responsabilidade também é nossa. Já nem falo de cultura financeira e de sensatez, mas sim do desprezo que sentimos pela política e pelos políticos e a inercia que nos invade. A política é considerada, por uns, uma coisa suja; e outros nem sequer tecem considerações porque simplesmente preferem viver desligados da política. Ora, é nossa responsabilidade escolher os representantes dos cidadãos, como também é nossa responsabilidade estar minimamente atento ao que se passa em nosso redor, assim como ter a capacidade de exigir mais de quem nos representa. Afinal, somos nós, cidadãos, os detentores da soberania.
Infelizmente, a tibieza das lideranças políticas a par da letargia dos cidadãos foi terreno fértil para todo o tipo de excessos. Hoje e durante os próximos dias vamos ver a força das actuais lideranças políticas e esperar que a cimeira se paute pelo entendimento e pela coragem de reconhecer o que falhou no actual modelo, procurando adoptar novos caminhos para revitalizar o sistema capitalista. Por cá, a esperança começa a rarear - as lideranças políticas são, em muitos casos e havendo naturalmente honrosas excepções, do mais medíocre que há. Mas a mediocridade não se cinge apenas às lideranças políticas, como há já muito se percebeu.
Notícia in Público online: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1372300&idCanal=11
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