Barack Obama fez passar uma mensagem ao povo iraniano recorrendo para isso a um vídeo em que pede um novo começo. Num tom mais sereno, adoptando o comportamento contrário ao seu antecessor, o agora Presidente americano procura, através da diplomacia e do diálogo chegar a entendimentos com países que num passado recente faziam parte o "eixo do mal", como é o caso do Irão. Recorde-se que a questão iraquiana não é indissociável do Irão, e mais não seja devido às relações da maioria xiita do Iraque com o regime de Teerão.
O Presidente Obama inaugurou um novo estilo de governação, assente na diplomacia e na aproximação a países com os quais os Estados Unidos têm mantido relações difíceis. Obama cumpre assim escrupulosamente aquilo que advogou na sua campanha eleitoral, ou seja, que o primeiro passo seria sempre o do diálogo.
É evidente que esta aproximação ao Irão acarreta alguns perigos, de um modo geral o regime iraniano continua apostado no desenvolvimento nuclear, insiste na apologia da destruição do Estado israelita, procura alcançar uma posição hegemónica e de domínio da região e tudo tem feito para que o Iraque passe a fazer parte da sua esfera de influência. Nestas circunstâncias os objectivos do regime de Teerão estão longe de ser os mais louváveis e esbarram nos interesses americanos. Há um claro conflito de interesses e qualquer solução negociada entre estes dois países terá que passar por algumas concessões - o mais difícil é perceber que concessões estão estes dois países dispostos a fazer.
Importa referir também que um dos maiores objectivos do regime iraniano é a prolongação no poder e a não interferência de países estrangeiros nas questões internas do país. Pretende-se, em suma, que a teocracia iraniana continue a ser guiada pela linha mais dura do regime, à semelhança das orientações herdeiras da revolução do ayatollah Khomeini. A isto acresce o facto do enfraquecimento do Iraque ter proporcionado um ressurgimento do Irão que viu assim um dos seus principais obstáculos desaparecer.
Neste contexto, qualquer negociação será difícil, em particular no que toca à sensível questão do nuclear que é a pedra basilar do regime que associa o nuclear a imperativos nacionais exaltando os ânimos mais nacionalistas. De qualquer modo, o Presidente americano parece empenhado - e bem, do meu ponto de vista - em esgotar primeiro a diplomacia e só depois ponderar métodos mais radicais. A favor de Obama poderá estar o inevitável choque do regime iraniano com a realidade - o isolamento internacional não resolve os problemas internos do país, muito pelo contrário; uma economia periclitante totalmente dependente dos recursos energéticos que tem sofrido com a queda acentuada do petróleo e cujas consequências no bem-estar da população podem ser um motivo para o regime ponderar as suas políticas. O desenvolvimento de tecnologia nuclear e os vitupérios ao Estado de Israel não proporcionam um desenvolvimento do país.
Por um lado é fundamental que a estabilidade se instale no Iraque para que este possa finalmente ser um país exequível; por outro lado, os ímpetos hegemónicos do Irão necessitam de ser refreados, se não for através da diplomacia de Obama, provavelmente será através de outras formas menos dialogantes de Israel, ainda para mais agora que o contexto político israelita mudou no pior sentido.
Notícia in Público Online: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1370053&idCanal=11
O Presidente Obama inaugurou um novo estilo de governação, assente na diplomacia e na aproximação a países com os quais os Estados Unidos têm mantido relações difíceis. Obama cumpre assim escrupulosamente aquilo que advogou na sua campanha eleitoral, ou seja, que o primeiro passo seria sempre o do diálogo.
É evidente que esta aproximação ao Irão acarreta alguns perigos, de um modo geral o regime iraniano continua apostado no desenvolvimento nuclear, insiste na apologia da destruição do Estado israelita, procura alcançar uma posição hegemónica e de domínio da região e tudo tem feito para que o Iraque passe a fazer parte da sua esfera de influência. Nestas circunstâncias os objectivos do regime de Teerão estão longe de ser os mais louváveis e esbarram nos interesses americanos. Há um claro conflito de interesses e qualquer solução negociada entre estes dois países terá que passar por algumas concessões - o mais difícil é perceber que concessões estão estes dois países dispostos a fazer.
Importa referir também que um dos maiores objectivos do regime iraniano é a prolongação no poder e a não interferência de países estrangeiros nas questões internas do país. Pretende-se, em suma, que a teocracia iraniana continue a ser guiada pela linha mais dura do regime, à semelhança das orientações herdeiras da revolução do ayatollah Khomeini. A isto acresce o facto do enfraquecimento do Iraque ter proporcionado um ressurgimento do Irão que viu assim um dos seus principais obstáculos desaparecer.
Neste contexto, qualquer negociação será difícil, em particular no que toca à sensível questão do nuclear que é a pedra basilar do regime que associa o nuclear a imperativos nacionais exaltando os ânimos mais nacionalistas. De qualquer modo, o Presidente americano parece empenhado - e bem, do meu ponto de vista - em esgotar primeiro a diplomacia e só depois ponderar métodos mais radicais. A favor de Obama poderá estar o inevitável choque do regime iraniano com a realidade - o isolamento internacional não resolve os problemas internos do país, muito pelo contrário; uma economia periclitante totalmente dependente dos recursos energéticos que tem sofrido com a queda acentuada do petróleo e cujas consequências no bem-estar da população podem ser um motivo para o regime ponderar as suas políticas. O desenvolvimento de tecnologia nuclear e os vitupérios ao Estado de Israel não proporcionam um desenvolvimento do país.
Por um lado é fundamental que a estabilidade se instale no Iraque para que este possa finalmente ser um país exequível; por outro lado, os ímpetos hegemónicos do Irão necessitam de ser refreados, se não for através da diplomacia de Obama, provavelmente será através de outras formas menos dialogantes de Israel, ainda para mais agora que o contexto político israelita mudou no pior sentido.
Notícia in Público Online: http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1370053&idCanal=11
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