
Com efeito, o actual Executivo de José Sócrates tem recusado seguir a opção nuclear, e ainda recentemente foi feito um debate sobre o assunto. Por mais que a questão da energia seja um problema premente, mas não é seguramente uma das competências do governador do BdP.
As reacções depois das declarações de Vítor Constâncio não se fizeram esperar: os defensores da opção nuclear ficaram encantados com a posição de Vítor Constâncio e viram renascer a esperança de Portugal, no futuro, adoptar essa opção; quem se opõe liminarmente à opção nuclear, mostra a sua relutância em aceitar mais debates sobre o assunto.
Ora, a discussão sobre este e outros assuntos tem sempre a sua importância. Mas esse debate tão almejado pelo governador, deve vir acompanhado por outros que abordem as várias formas de energia que este Governo, e muito bem, tem vindo a desenvolver, e se é possível intensificar essa aposta do Governo em energias renováveis como energia solar, eólica e não esquecendo a hídrica. Urge, portanto, um debate sério, acompanhado de medidas concretas para aumentar a eficiência energética.
Não é possível fechar-se as portas ao debate sobre o nuclear, quem estiver interessado que o faça. No entender da Quercus, o debate sobre o nuclear é encarado como um elemento de pressão para que se adopte essa forma de energia. É, contudo, pouco democrático evitar a confrontação de ideias. Aliás, os ambientalistas da Quercus sabem que a generalidade dos portugueses nem olham com bons olhos para a questão nuclear, e o problema não faz parte da agenda política do Governo.
Consequentemente, importa não encontrar subterfúgios quem impeçam a confrontação de ideias, porque essa confrontação é fundamental em democracia. Similarmente, o governador do Banco de Portugal terá certamente a sua opinião sobre o assunto e seguramente estará preocupado com a dependência energética do país; mas não lhe ficaria mal perceber o que faz parte ou não das suas competências.
Por fim, dizer apenas que se há um argumento falacioso em toda esta questão do nuclear é aquele que postula a necessidade de possuirmos essas centrais porque a Europa e o Ocidente fizeram a mesma aposta. Pois é, só é pena que o mesmo raciocínio não se tivesse aplicado à educação e à aposta que foi feita nessa área por todos esses países que são hoje invocados, a propósito da questão do nuclear.
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