A entrevista do primeiro-ministro não lhe correu mal. As perguntas colocadas não terão sido as mais incómodas, e não se podia esperar outra coisa que não fosse a acomodação aos interesses do primeiro-ministro, ou não fosse esta uma entrevista da RTP. De um modo geral, a entrevista serviu para o primeiro-ministro anunciar novas medidas para aliviar o peso do aumento das taxas de juro.
As medidas são aparentemente bem-vindas, mas resta saber de que forma é que as mesmas vão ser aplicadas e qual o real impacto nas contas públicas. Há, contudo, duas críticas a fazer: uma que se prende com o desprezo que o actual Executivo tem manifestado pela classe média que tem sido a que tem pago a crise e que tem sofrido com o aumento das taxas de juro e do preço dos combustíveis – uma classe que tem vindo a empobrecer a olhos vistos. Um péssimo presságio para o futuro do país. Por outro lado, a falta de vontade política no sentido de dinamizar e flexibilizar o mercado de arrendamento é um erro crasso. Continua-se, pois, a nada fazer para combater o endividamento insustentável de muitas famílias, criando as condições necessárias para que outras venham a seguir o mesmo caminho.
Paralelamente, a questão das obras públicas não foi cabalmente esclarecida pelo primeiro-ministro que esconde que são essas obras que vão combater ilusoriamente o desemprego e vão criar a ideia de que o país não estará tão mal como se apregoa.
É um pouco aquela ideia de que grandes obras públicas dão sinais positivos a outros investidores e criam emprego, embora grande parte seja fugaz. Pouco interessa se o preço do petróleo está perto de atingir os 150 dólares por barril e que poderá atingir os 200 ainda este ano. Nem tão-pouco interessará perceber se a aviação civil vai sofrer um impacto ainda difícil de prever e se vai haver tráfego aéreo para um aeroporto de grande dimensão; não será muito importante dizer aos portugueses que o TGV não se paga a si próprio e que talvez fosse prudente pensar na dimensão geográfica do país; seria, porventura, interessante perceber se num futuro próximo haverá tanta gente nas estradas, quando hoje já se percebe que há muito menos gente a utilizar o automóvel.
É lamentável que se insista numa teimosia desvairada e que se prefira agradar a quem engorda com estes negócios e manter as ilusões, do que repensar a utilidade destas obras e se as mesmas são ou não competitivas num contexto que tem mudado, e mudará mais no futuro. Quando se fez a defesa de algumas destas obras, importa relembrar que a conjuntura não era tão desfavorável como é hoje e principalmente que hoje o petróleo atinge preços inimagináveis e que continuará a subir – sendo essa uma certeza.
O Governo passa, a obra fica e a factura é invariavelmente paga pelos mesmos. Ao invés de se procurar fazer investimento público de qualidade, em áreas estratégicas, continuamo-nos a deslumbrar com a opulência das grandes obras públicas – pobres, mas obras bonitas para ver. E se o preço do petróleo der alguma trégua ainda podemos pegar no carro, durante o fim-de-semana, e visitá-las.
As medidas são aparentemente bem-vindas, mas resta saber de que forma é que as mesmas vão ser aplicadas e qual o real impacto nas contas públicas. Há, contudo, duas críticas a fazer: uma que se prende com o desprezo que o actual Executivo tem manifestado pela classe média que tem sido a que tem pago a crise e que tem sofrido com o aumento das taxas de juro e do preço dos combustíveis – uma classe que tem vindo a empobrecer a olhos vistos. Um péssimo presságio para o futuro do país. Por outro lado, a falta de vontade política no sentido de dinamizar e flexibilizar o mercado de arrendamento é um erro crasso. Continua-se, pois, a nada fazer para combater o endividamento insustentável de muitas famílias, criando as condições necessárias para que outras venham a seguir o mesmo caminho.
Paralelamente, a questão das obras públicas não foi cabalmente esclarecida pelo primeiro-ministro que esconde que são essas obras que vão combater ilusoriamente o desemprego e vão criar a ideia de que o país não estará tão mal como se apregoa.
É um pouco aquela ideia de que grandes obras públicas dão sinais positivos a outros investidores e criam emprego, embora grande parte seja fugaz. Pouco interessa se o preço do petróleo está perto de atingir os 150 dólares por barril e que poderá atingir os 200 ainda este ano. Nem tão-pouco interessará perceber se a aviação civil vai sofrer um impacto ainda difícil de prever e se vai haver tráfego aéreo para um aeroporto de grande dimensão; não será muito importante dizer aos portugueses que o TGV não se paga a si próprio e que talvez fosse prudente pensar na dimensão geográfica do país; seria, porventura, interessante perceber se num futuro próximo haverá tanta gente nas estradas, quando hoje já se percebe que há muito menos gente a utilizar o automóvel.
É lamentável que se insista numa teimosia desvairada e que se prefira agradar a quem engorda com estes negócios e manter as ilusões, do que repensar a utilidade destas obras e se as mesmas são ou não competitivas num contexto que tem mudado, e mudará mais no futuro. Quando se fez a defesa de algumas destas obras, importa relembrar que a conjuntura não era tão desfavorável como é hoje e principalmente que hoje o petróleo atinge preços inimagináveis e que continuará a subir – sendo essa uma certeza.
O Governo passa, a obra fica e a factura é invariavelmente paga pelos mesmos. Ao invés de se procurar fazer investimento público de qualidade, em áreas estratégicas, continuamo-nos a deslumbrar com a opulência das grandes obras públicas – pobres, mas obras bonitas para ver. E se o preço do petróleo der alguma trégua ainda podemos pegar no carro, durante o fim-de-semana, e visitá-las.
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