Avançar para o conteúdo principal

Demissão de Alípio Ribeiro

A demissão do director nacional da Polícia Judiciária, Alípio Ribeiro, vem juntar-se ao descontentamento dos operacionais desta polícia – o que, até certo ponto configura uma crise no seio da instituição. O director nacional da PJ já tinha manifestado o mau hábito de se pronunciar publicamente sobre determinados aspectos. Curiosamente quando o coordenador do caso Maddie foi afastado, o director nacional justificou esse afastamento com o facto de haver limites para o que se diz publicamente. São precisamente as declarações públicas de Alípio Ribeiro, desta vez sobre a integração da PJ no Ministério da Administração Interna, que subjazem à sua demissão.
Todavia, seria injusto falar-se de uma crise no seio da PJ com base apenas nesta demissão, que certamente não chocará os funcionários desta polícia. A crise da PJ é sintomática de uma tibieza do Governo em lidar com matérias de segurança e justiça.
De facto, quando os operacionais da PJ manifestam o seu descontentamento em relação à falta de meios e de operacionais, o país pode se sentir preocupado. Esta é uma polícia de investigação com elevado grau de eficácia e conceituada internacionalmente. Nestes últimos anos, esse grau de eficácia parece estar a ser posto em causa. O descontentamento instala-se na PJ que se vê desprovida de meios e com um director nacional que falou demasiado, à revelia, amiúde, dos seus colaboradores.
Mas a instabilidade na PJ é o reflexo de políticas acéfalas levadas a cabo por um Governo que ideologicamente não tem uma ideia para garantir a segurança e o funcionamento da justiça. O Executivo de José Sócrates assiste impávido e sereno ao aumento da criminalidade e ao adiamento indefinido da resolução de casos, alguns dos quais severamente mediáticos.
É nestas circunstâncias que Alípio Ribeiro deixa a PJ, e segundo alguns órgãos de comunicação social, o director da PJ poderá vir a ocupar o cargo de secretário do SISI. A PJ necessita de um director mais contido nas suas palavras e mais solidário com os elementos desta polícia; mas necessita fundamentalmente de mais meios e de menos altivez do Governo.

Comentários

mAmAdA_mAn disse…
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma