Avançar para o conteúdo principal

O(a) senhor(a) que se segue


Depois da demissão de Luís Filipe Menezes da liderança do PSD, a pergunta que se coloca prende-se naturalmente com o seu sucessor. Não é, porém, de se excluir a hipótese de Menezes se recandidatar, pese embora as indicações do ainda líder do PSD que contrariam essa tese. De qualquer modo, não seria surpreendente se Menezes se candidatasse.
Ainda antes do anúncio de renúncia do presidente do PSD, já José Aguiar Branco, deputado do PSD e ex-ministro do governo de Santana Lopes, tinha afirmado, claramente, querer combater José Sócrates nas próximas legislativas. Alguns analistas advogam que Aguiar Branco terá poucas possibilidades de ser eleito pelo partido, acabando por ter o efeito de desencadear outras candidaturas, mas sem que a sua seja de facto ganhadora. Não obstante algumas análises pessimistas, esta candidatura merece elogios pela coragem e pela frontalidade demonstrados por Aguiar Branco.
Posteriormente, foi a vez de Pedro Passos Coelho, ex-líder da JSD durante o primado de Cavaco Silva, apresentar a sua candidatura. A posição adoptada por Passos Coelho inscreve-se numa lógica de coerência, seriedade, e também alguma audácia. Certamente que a candidatura de Passos Coelho vai dar um excelente contributo para o debate interno do partido, mas dá igualmente um importante contributo para o enriquecimento genérico do debate político em Portugal.
Entretanto, a comunicação social vai avançando outras possibilidades, de que se destaca Manuela Ferreira Leite, por ser talvez a mais verosímil. A imagem de rigor e competência é indissociável da figura de Manuela Ferreira Leite. Paralelamente, Ferreira Leite talvez consiga reunir um maior apoio das bases, provavelmente mais do que Passos Coelho e Aguiar Branco. Mas ainda não há qualquer confirmação oficial de que Ferreira Leite seja, de facto, candidata à liderança do PSD.
Outros nomes são ainda avançados, designadamente Marcelo Rebelo de Sousa (muito pouco provável) e Rui Rio (dificilmente o Presidente da Câmara do Porto abandonaria o seu cargo na autarquia). António Borges, por sua vez, diz-se interessado em fazer parte de um projecto de mudança, mas estará menos interessado em liderar esse projecto.
É claro que nesta equação falta a confirmação de que Menezes não é candidato. Já aqui se escreveu que parece pouco provável que Menezes não se recandidate ao cargo de presidente do PSD.
De um modo geral, as próximas eleições, marcadas para Maio, afiguram-se interessantes, tendo em conta a possibilidade de serem vários os candidatos ao lugar, e diga-se em abono da verdade que estes candidatos representam um sinal de esperança para o PSD e para o país. É fundamental que o PSD recupere a confiança do eleitorado, mas isso só será possível com um candidato credível e com um projecto político sólido. Menezes provou não possuir estas capacidades, espera-se, assim, pelo(a) senhor(a) que se segue.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa