É frequente pensarmos sobre o estado do país, o seu atraso, a sua eterna relutância em encontrar o caminho do desenvolvimento, e não raras vezes questionamos sobre o que nos torna tão diferentes dos restantes povos europeus. As comparações entre a qualidade de vida dos cidadãos portugueses e dos cidadãos de outros Estados-membros são invariavelmente motivo de conversa.
A resposta não é simples. Contudo, é possível fazer um exercício de enumeração sobre o que está errado no nosso país, mesmo que essa enumeração não deixe de ser redutora. O Estado, desde logo, não permite que o país possa, rapidamente, inverter a situação que se tem agravado nos últimos anos. O primeiro passo passa inelutavelmente por responder à seguinte pergunta: que estado queremos? O Estado, para além de comportar as características nefastas conhecidas por todos – a sua dimensão e ineficácia –, acaba por redundar num óbice ao desenvolvimento. No essencial, o Estado é um ávido consumidor de recursos que, se fossem cerceados, poderiam servir para dar novos ímpetos ao investimento que o país tanto precisa e aliviar a elevada carga fiscal que recai sobre cidadãos e empresas. De uma coisa podemos estar certos: governar é também, e fundamentalmente, estabelecer prioridades, e o país tem vivido com as suas prioridades invertidas.
Ora, um Estado que consome tanto e funciona tão mal, desde o mau funcionamento dos serviços, a sua gula pela complexidade e pela burocracia, a sua desconfiança em relação aos cidadãos, é um mau presságio para o vislumbre do progresso.
Da mesma forma, há que salientar as debilidades ao nível da qualidade dos recursos humanos, designadamente quando se assiste a uma mudança de paradigma, e quando os baixos salários deixaram de ser uma mais-valia em matéria de competitividade. Também neste particular, o país continua a não querer ver esta realidade e mais este óbice ao desenvolvimento. Na verdade, contentamo-nos com os paliativos impingidos pelo Governo, sempre sob a capa pomposa que tanto pode ser “choque tecnológico” ou “novas oportunidades”, quando o essencial ainda está por fazer na educação – e está a quilómetros luz de ser feito.
Importa não esquecer a mediocridade empresarial que ainda existe no nosso país. Mediocridade essa que é evidente para quem tem de trabalhar diariamente nessas empresas, mas que se torna clara aos olhos de todos quando assistimos a propostas, como a que foi feita pela CIP, para o livro branco das relações laborais, e que no fundo não faz mais do que preconizar a total flexibilização dos despedimentos. E não nos iludamos: esta mediocridade condena inexoravelmente o país ao fracasso e ao atraso.
É comum atribuímos as culpas do atraso do país quase exclusivamente à classe política, que não deixa de ter significativas responsabilidades. A pobreza no seio dos principais partidos políticos não deixa muito a esperar dos próximos tempos. Mas a responsabilidade dos males do costume que assolam o país não é exclusiva dessa mesma classe política.
E note-se que um país cuja justiça funciona mal, é morosa, e é mediática pelas piores razões, para além de prejudicar incomensuravelmente o país, ainda consegue a proeza de perpetuar uma quase total ausência de uma cultura de responsabilidade que caracteriza o país.
Mas nem tudo é mau, quando os dias são soalheiros, a selecção do Sr. Scolari consegue um bom resultado e as novelas – brasileiras ou portuguesas – ainda nos fazem viajar para outras realidades, e alimentam o nosso voyeurismo.
Ironias à parte, a verdade é que uma sociedade civil que se caracteriza pela tibieza como é o caso, só vem agravar o atraso de que o país padece. Exige-se, por conseguinte, mais dos cidadãos, uma cidadania mais activa que não se fique apenas pela urna de voto. Pelo menos que não haja um conformismo e uma condescendência generalizadas perante processos de licenciatura incongruentes, assinaturas mal explicadas, e subsídios pouco claros. Se continuarmos a achar que se trata apenas de uma cabala levada a cabo por um jornal, e que quem teve, na altura dos factos, importantes cargos políticos, e que tem hoje elevadas responsabilidades políticas não deve explicações, vamos muito mal.
A resposta não é simples. Contudo, é possível fazer um exercício de enumeração sobre o que está errado no nosso país, mesmo que essa enumeração não deixe de ser redutora. O Estado, desde logo, não permite que o país possa, rapidamente, inverter a situação que se tem agravado nos últimos anos. O primeiro passo passa inelutavelmente por responder à seguinte pergunta: que estado queremos? O Estado, para além de comportar as características nefastas conhecidas por todos – a sua dimensão e ineficácia –, acaba por redundar num óbice ao desenvolvimento. No essencial, o Estado é um ávido consumidor de recursos que, se fossem cerceados, poderiam servir para dar novos ímpetos ao investimento que o país tanto precisa e aliviar a elevada carga fiscal que recai sobre cidadãos e empresas. De uma coisa podemos estar certos: governar é também, e fundamentalmente, estabelecer prioridades, e o país tem vivido com as suas prioridades invertidas.
Ora, um Estado que consome tanto e funciona tão mal, desde o mau funcionamento dos serviços, a sua gula pela complexidade e pela burocracia, a sua desconfiança em relação aos cidadãos, é um mau presságio para o vislumbre do progresso.
Da mesma forma, há que salientar as debilidades ao nível da qualidade dos recursos humanos, designadamente quando se assiste a uma mudança de paradigma, e quando os baixos salários deixaram de ser uma mais-valia em matéria de competitividade. Também neste particular, o país continua a não querer ver esta realidade e mais este óbice ao desenvolvimento. Na verdade, contentamo-nos com os paliativos impingidos pelo Governo, sempre sob a capa pomposa que tanto pode ser “choque tecnológico” ou “novas oportunidades”, quando o essencial ainda está por fazer na educação – e está a quilómetros luz de ser feito.
Importa não esquecer a mediocridade empresarial que ainda existe no nosso país. Mediocridade essa que é evidente para quem tem de trabalhar diariamente nessas empresas, mas que se torna clara aos olhos de todos quando assistimos a propostas, como a que foi feita pela CIP, para o livro branco das relações laborais, e que no fundo não faz mais do que preconizar a total flexibilização dos despedimentos. E não nos iludamos: esta mediocridade condena inexoravelmente o país ao fracasso e ao atraso.
É comum atribuímos as culpas do atraso do país quase exclusivamente à classe política, que não deixa de ter significativas responsabilidades. A pobreza no seio dos principais partidos políticos não deixa muito a esperar dos próximos tempos. Mas a responsabilidade dos males do costume que assolam o país não é exclusiva dessa mesma classe política.
E note-se que um país cuja justiça funciona mal, é morosa, e é mediática pelas piores razões, para além de prejudicar incomensuravelmente o país, ainda consegue a proeza de perpetuar uma quase total ausência de uma cultura de responsabilidade que caracteriza o país.
Mas nem tudo é mau, quando os dias são soalheiros, a selecção do Sr. Scolari consegue um bom resultado e as novelas – brasileiras ou portuguesas – ainda nos fazem viajar para outras realidades, e alimentam o nosso voyeurismo.
Ironias à parte, a verdade é que uma sociedade civil que se caracteriza pela tibieza como é o caso, só vem agravar o atraso de que o país padece. Exige-se, por conseguinte, mais dos cidadãos, uma cidadania mais activa que não se fique apenas pela urna de voto. Pelo menos que não haja um conformismo e uma condescendência generalizadas perante processos de licenciatura incongruentes, assinaturas mal explicadas, e subsídios pouco claros. Se continuarmos a achar que se trata apenas de uma cabala levada a cabo por um jornal, e que quem teve, na altura dos factos, importantes cargos políticos, e que tem hoje elevadas responsabilidades políticas não deve explicações, vamos muito mal.
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