As declarações sobre a sharia (lei islâmica) proferidas pelo arcebispo de Cantuária provocaram grande celeuma no Reino Unido. Em síntese, o líder da igreja Anglicana defendeu a tese da inevitabilidade da sharia ser incorporada na lei britânica. Segundo esta visão multiculturalista do arcebispo, é inevitável que os muçulmanos que vivem no Reino Unido tenham a possibilidade de escolher entre a lei dos britânicos e sua própria lei. Mesmo que o arcebispo tenha defendido esta tese com base numa versão moderada da sharia, a ideia, só por si, é uma aberração.
As leis dos países aplicam-se a todos os cidadãos desses mesmos países, não faz qualquer sentido reivindicar diferenças com base em aspectos culturais ou religiosos. Se tal fosse possível, outros grupos poderiam reivindicar o direito a terem uma lei que se aplicasse exclusivamente a esses grupos, fossem eles religiosos ou não. As especificidades religiosas ou culturais têm de se coadunar com o sistema jurídico em vigor.
Rowan Williams, o polémico arcebispo, fez a defesa da sua teoria com base em alguns aspectos da sharia, refutando a possibilidade dos aspectos mais radicais podem ser incorporados; ainda assim, esta visão do multiculturalismo contém duas incongruências incontornáveis: em primeiro lugar, a impossibilidade de existirem simultaneamente duas leis e dois sistemas, a serem aplicados consoante a religião; em segundo lugar, esta versão multiculturalista abre caminho para outras excepções que colidem com a natureza e características dos países europeus.
A versão britânica do multiculturalismo está longe de oferecer os resultados desejados. Os atentados em Londres foram perpetrados por cidadãos, aparentemente integrados na sociedade britânica. E são inúmeros os exemplos de mesquitas que fazem, embora menos do que no passado, a apologia do extremismo islâmico.
De facto, a integração destas comunidades nos países europeus nem sempre é feita da forma mais adequada, mas a verdade é que um multiculturalismo do tipo que é apregoado pelo arcebispo de Cantuária está longe de ser a solução e pode, inclusivamente, abrir espaço a graves precedentes. Estas comunidades que são visadas pelas ideais estapafúrdias do líder da Igreja Anglicana, têm, a par de todos os cidadãos, de respeitar a cultura, a identidade, os hábitos, e claro está, a lei do país que os acolheu, ou que acolheu as gerações anteriores, sob pena dessa integração ser sempre artificial. O arcebispo ter-se-á esquecido que existe uma igualdade perante a lei, e que essa lei é única e aplicável a todos os cidadãos que residam nesse país. A sempre controversa problemática da integração tem de ser vista como uma estrada de dois sentidos: há o sentido da aceitação de determinadas especificidades culturais e religiosas, devidamente enquadradas, mas também há o sentido do respeito pela cultura, identidade, e um respeito inexorável pelo sistema jurídico do país que acolhe estas comunidades.
As leis dos países aplicam-se a todos os cidadãos desses mesmos países, não faz qualquer sentido reivindicar diferenças com base em aspectos culturais ou religiosos. Se tal fosse possível, outros grupos poderiam reivindicar o direito a terem uma lei que se aplicasse exclusivamente a esses grupos, fossem eles religiosos ou não. As especificidades religiosas ou culturais têm de se coadunar com o sistema jurídico em vigor.
Rowan Williams, o polémico arcebispo, fez a defesa da sua teoria com base em alguns aspectos da sharia, refutando a possibilidade dos aspectos mais radicais podem ser incorporados; ainda assim, esta visão do multiculturalismo contém duas incongruências incontornáveis: em primeiro lugar, a impossibilidade de existirem simultaneamente duas leis e dois sistemas, a serem aplicados consoante a religião; em segundo lugar, esta versão multiculturalista abre caminho para outras excepções que colidem com a natureza e características dos países europeus.
A versão britânica do multiculturalismo está longe de oferecer os resultados desejados. Os atentados em Londres foram perpetrados por cidadãos, aparentemente integrados na sociedade britânica. E são inúmeros os exemplos de mesquitas que fazem, embora menos do que no passado, a apologia do extremismo islâmico.
De facto, a integração destas comunidades nos países europeus nem sempre é feita da forma mais adequada, mas a verdade é que um multiculturalismo do tipo que é apregoado pelo arcebispo de Cantuária está longe de ser a solução e pode, inclusivamente, abrir espaço a graves precedentes. Estas comunidades que são visadas pelas ideais estapafúrdias do líder da Igreja Anglicana, têm, a par de todos os cidadãos, de respeitar a cultura, a identidade, os hábitos, e claro está, a lei do país que os acolheu, ou que acolheu as gerações anteriores, sob pena dessa integração ser sempre artificial. O arcebispo ter-se-á esquecido que existe uma igualdade perante a lei, e que essa lei é única e aplicável a todos os cidadãos que residam nesse país. A sempre controversa problemática da integração tem de ser vista como uma estrada de dois sentidos: há o sentido da aceitação de determinadas especificidades culturais e religiosas, devidamente enquadradas, mas também há o sentido do respeito pela cultura, identidade, e um respeito inexorável pelo sistema jurídico do país que acolhe estas comunidades.
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