O antiamericanismo, que tem vindo a recrudescer nos últimos anos, tomando amiúde proporções exacerbadas; afinal, se calhar a ideia de olhar para os Estados Unidos como o “grande Satã” não é hábito apenas de algumas regiões do Médio Oriente. Essa ideia do “grande Satã”, ou de pelo menos da diabolização dos EUA, ultrapassa largamente as fronteiras do Médio Oriente, chegando com toda a naturalidade à Europa.
A analogia entre os Estados Unidos e Satã – recorde-se que a ideia do grande Satã e do pequeno Satã (Israel) tem as suas origens no Irão e no Hezbollah – parece fazer sentido para muitas pessoas que não conseguem ultrapassar o seu ódio pelos EUA.
A guerra do Iraque veio acentuar inexoravelmente várias formas de antiamericanismo, desde as mais ligeiras, passando pelo ódio visceral aos americanos. O facto de a guerra ter sido sustentada por uma linha de argumentação que se veio a verificar como sendo falsa, deu um forte contributo para a generalização da desconfiança nos EUA, e para muitos essa desconfiança tem laivos de aversão.
Se por um lado reconhecem-se os erros inerentes à intervenção militar americana no Iraque, e já agora as suas políticas, por vezes acéfalas, para todo o Médio Oriente, ou o aparente desinteresse ambiental, não se pode deixar de sublinhar que a América não é responsável por todos os males do mundo. Nem tão-pouco é profícuo que se atribua a responsabilidade de construir a estabilidade do Iraque apenas aos EUA e ao Reino Unido; é essa visão egoísta que mais prejudica os próprios iraquianos.
E não raras vezes o antiamericanismo obnubila o discernimento, designadamente quando se é exímio na tarefa de apontar os defeitos dos americanos – por vezes mais até do que apontar as falhas da administração Bush –, mas por outro lado, prefere-se ignorar as atrocidades cometidas por grupos terroristas, amiúde apoiados por alguns países conhecidos. A existência de dois pesos e duas medidas é notória no Iraque: passamos a vida a condenar os americanos pela intervenção militar, mas esquecemo-nos de condenar os grupos terroristas – ainda afectos ao partido Baas ou islamistas –, que são responsáveis por atrocidades inefáveis.
Dir-se-á que esta proliferação de ideias contra os EUA se atenuará após as próximas eleições americanas, em particular se for eleito um candidato democrata, mas a verdade é que a raiz do antiamericanismo não é de agora, apenas foi agravado com a intervenção americana no Iraque – mesmo que esta intervenção tenha tido o mérito de retirar do poder um déspota, um assassino e um genocida. Não podemos certamente ignorar que uma certa esquerda, desapontada e destroçada com o fim do comunismo, olha para os Estados Unidos com um ódio profundo e indisfarçável. Esta mesma esquerda parece só ter como programa político apresentar razões para se detestar os EUA.
De qualquer modo, importa fazer a seguinte destrinça: se por um lado é verdade que a administração Bush cometeu erros graves no Iraque e não só, não é menos verdade o antiamericanismo por vezes doentio que grassa um pouco por todo o lado, é, na sua generalidade, o reflexo de frustrações e da incapacidade de se aceitar viver num mundo com uma super potência que saiu vitoriosa da guerra fria – ou pelo menos o seu modelo continuou em detrimento do outro que se extinguiu quase na totalidade. Podemos reconhecer a arrogância, a inépcia, e alguma prepotência da administração Bush, mas em nome de algum equilíbrio, não podemos deixar de reconhecer a importância que os valores americanos têm na Europa, e noutras partes do planeta; não podemos deixar de reconhecer que europeus e americanos têm muito mais em comum e partilham muito mais do que por vezes se quer fazer querer; e deixemo-nos de hipocrisias – o mundo seria muito mais cinzento e periclitante se não fosse a preponderância dos EUA. E já agora, refira-se que viver sob o jugo de uma outra super potência poderia dar novo valor à expressão “grande Satã” – a hipótese não é assim tão remota.
A analogia entre os Estados Unidos e Satã – recorde-se que a ideia do grande Satã e do pequeno Satã (Israel) tem as suas origens no Irão e no Hezbollah – parece fazer sentido para muitas pessoas que não conseguem ultrapassar o seu ódio pelos EUA.
A guerra do Iraque veio acentuar inexoravelmente várias formas de antiamericanismo, desde as mais ligeiras, passando pelo ódio visceral aos americanos. O facto de a guerra ter sido sustentada por uma linha de argumentação que se veio a verificar como sendo falsa, deu um forte contributo para a generalização da desconfiança nos EUA, e para muitos essa desconfiança tem laivos de aversão.
Se por um lado reconhecem-se os erros inerentes à intervenção militar americana no Iraque, e já agora as suas políticas, por vezes acéfalas, para todo o Médio Oriente, ou o aparente desinteresse ambiental, não se pode deixar de sublinhar que a América não é responsável por todos os males do mundo. Nem tão-pouco é profícuo que se atribua a responsabilidade de construir a estabilidade do Iraque apenas aos EUA e ao Reino Unido; é essa visão egoísta que mais prejudica os próprios iraquianos.
E não raras vezes o antiamericanismo obnubila o discernimento, designadamente quando se é exímio na tarefa de apontar os defeitos dos americanos – por vezes mais até do que apontar as falhas da administração Bush –, mas por outro lado, prefere-se ignorar as atrocidades cometidas por grupos terroristas, amiúde apoiados por alguns países conhecidos. A existência de dois pesos e duas medidas é notória no Iraque: passamos a vida a condenar os americanos pela intervenção militar, mas esquecemo-nos de condenar os grupos terroristas – ainda afectos ao partido Baas ou islamistas –, que são responsáveis por atrocidades inefáveis.
Dir-se-á que esta proliferação de ideias contra os EUA se atenuará após as próximas eleições americanas, em particular se for eleito um candidato democrata, mas a verdade é que a raiz do antiamericanismo não é de agora, apenas foi agravado com a intervenção americana no Iraque – mesmo que esta intervenção tenha tido o mérito de retirar do poder um déspota, um assassino e um genocida. Não podemos certamente ignorar que uma certa esquerda, desapontada e destroçada com o fim do comunismo, olha para os Estados Unidos com um ódio profundo e indisfarçável. Esta mesma esquerda parece só ter como programa político apresentar razões para se detestar os EUA.
De qualquer modo, importa fazer a seguinte destrinça: se por um lado é verdade que a administração Bush cometeu erros graves no Iraque e não só, não é menos verdade o antiamericanismo por vezes doentio que grassa um pouco por todo o lado, é, na sua generalidade, o reflexo de frustrações e da incapacidade de se aceitar viver num mundo com uma super potência que saiu vitoriosa da guerra fria – ou pelo menos o seu modelo continuou em detrimento do outro que se extinguiu quase na totalidade. Podemos reconhecer a arrogância, a inépcia, e alguma prepotência da administração Bush, mas em nome de algum equilíbrio, não podemos deixar de reconhecer a importância que os valores americanos têm na Europa, e noutras partes do planeta; não podemos deixar de reconhecer que europeus e americanos têm muito mais em comum e partilham muito mais do que por vezes se quer fazer querer; e deixemo-nos de hipocrisias – o mundo seria muito mais cinzento e periclitante se não fosse a preponderância dos EUA. E já agora, refira-se que viver sob o jugo de uma outra super potência poderia dar novo valor à expressão “grande Satã” – a hipótese não é assim tão remota.
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