Avançar para o conteúdo principal

EUA e o fantasma da recessão


Aumentam os indícios de recessão na principal economia mundial, e tanto mais é assim que o Presidente norte-americano já veio anunciar algumas medidas que visam combater a possibilidade de recessão, revitalizando a economia do país. A Reserva Federal Americana que começou numa primeira fase por não aumentar as taxas de juro, vem agora admitir a possibilidade de baixar as taxas de juro na próxima reunião da Fed. Por outro lado, o Presidente americano equaciona a hipótese de reduzir impostos, dando assim um novo impulso ao consumo e ao investimento.
O fantasma da recessão americana paira no ar por várias razões, sendo que a principal está intimamente relacionada com a crise que teve origem no mercado de subprime, depois do laxismo verificado na avaliação de crédito de alto risco. As consequências sentem-se particularmente no sector bancário – hoje a concessão de crédito sofre avaliações mais rigorosas. Mas a crise tem repercussões também no sector da construção americana, a construção de casas sofreu uma redução assinalável.
Outro factor que reforça a possibilidade de recessão, é a escalada do preço do petróleo. Neste particular é possível enumerar-se uma multiplicidade de factores que justificam essa subida: o aumento da procura, designadamente por parte de países asiáticos; uma parte substancial das reservas petrolíferas situa-se em zonas de acentuada instabilidade; a especulação; a descida do dólar; as quebras do stock americano. Os problemas sobejamente conhecidos em países produtores de petróleo dão o seu contributo para o aumento do preço. E a exemplo disso mesmo Israel testou um míssil com capacidade de transportar um determinado tipo de cargas, o Irão reagiu e o preço do petróleo subiu um dólar – 92 dólares por barril.
Estes constantes focos de instabilidade acrescidos ao desconhecimento da real dimensão da crise dos mercados financeiros e do seu desfecho colocam a economia americana à beira da recessão. Felizmente nem todos os indicadores são negativos, a criação de emprego tem sido uma realidade quase inabalável nos EUA. Mas o facto é que a economia americana sofreu um abalo, designadamente depois da crise do mercado subprime. Além disso, as consequências para as outras economias já se sentem: não é por acaso que as principais praças mundiais têm encerrado de forma bastante negativa; de resto, importa salientar que agora foi a vez do banco Merrill Lynch apresentar resultados manifestamente negativos.
No caso da economia portuguesa chegam também más notícias de Espanha que vive uma crise no sector da construção, falando-se na possibilidade de se vir a perder perto de 300 mil postos de trabalho. No sector imobiliário registou-se o encerramento de perto de metade das imobiliárias espanholas. Este sector viveu anos de crescimento e agora regista-se o processo inverso. Más notícias para Portugal que, como se sabe, tem em Espanha um parceiro comercial de eleição.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma