Avançar para o conteúdo principal

Politicas neoliberais




O Governo tem sido recorrentemente acusado de seguir uma linha neoliberal e de aplicar políticas em consonância com o neoliberalismo. Não obstante a pertinência e necessidade da aplicação de determinadas reformas, o modo como essas reformas estão a ser concebidas aproxima-se, com efeito, do neoliberalismo.


Se por um lado, é possível reunir consensos acerca da inevitabilidade de uma reforma da administração pública, da falta de sustentabilidade do sistema nacional de saúde ou da necessidade de se sanear as contas públicas; por outro, é impossível ignorar o retrocesso na vida de muitos portugueses acompanhado pelo menosprezo que muitos políticos manifestam ter pelas pessoas. De certa forma, o actual Executivo governa para as massas e não tanto paras as pessoas; ou seja o Governo pensa em políticas a aplicar para massas indistintas, olhando vagamente para as pessoas.


De certo modo, este Governo apenas faz uma tentativa de adaptar o país a um mundo em constante convulsão, através de políticas de cariz liberal e por vezes, neoliberal. E só não vai mais longe na prossecução de um neoliberalismo mais acentuado, porque receia represálias eleitorais. Ainda assim, vive-se cada vez pior em Portugal, havendo cada vez mais portugueses a abandonarem o país, ou com intenções de o fazer.


O Governo tenta reformar a administração pública, mas ao invés de o fazer através de novas técnicas de gestão e de uma mudança da filosofia da própria administração pública, opta, invariavelmente, pelo caminho mais fácil, colocando o ónus da mudança nos funcionários públicos. Apesar de algumas alterações estruturais na administração pública, são os funcionários que são tratados como números e, amiúde, como uma espécie de encargo insustentável para o Estado português. Não há um aproveitamento dos recursos humanos, nem tão-pouco se procura formar os recursos existentes, apenas se tenta despachar aqueles que vivem na precariedade – não obstante o serviço de qualidade que prestam ao Estado –, substituindo-os por funcionários cuja relevância deixou de existir num determinado serviço. Se essa mudança tiver efeitos negativos na produtividade de um determinado departamento ou serviço, paciência, porque o que interessa é ter números para apresentar a um país cuja administração pública é ineficaz.


Mais uma vez se procura o caminho mais fácil para se implementar as reformas consideradas necessárias. O mesmo acontece na área da Saúde, Educação e Justiça. Encara-se a realidade dos números e não a realidade das pessoas, o que também facilita a tarefa. Portugal precisa de encontrar o seu lugar num mundo globalizado, mas não à custa das pessoas através do recurso a políticas neoliberais que roubam qualidade de vida aos cidadãos.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa