Por vezes questionamo-nos sobre quais as razões que impedem o desenvolvimento do país. São apontados vários óbices a esse tão almejado desenvolvimento: a existência de uma administração pública ineficiente e demasiado onerosa, do ponto de vista orçamental; a inexistência de um forte tecido empresarial; a deficiente formação dos recursos humanos, etc. Isto somado contribui de forma decisiva para o atraso do país, mas existem razões de outra natureza, subjacentes aos óbices já referidos, que impedem que o país conheça o caminho do progresso.
Ainda na semana passada ocorreu um episódio ao qual subjaz a mentalidade mesquinha e obtusa de uma classe política néscia – o afastamento da directora do Museu Nacional de Arte Antiga é mais um sinal daquela mentalidade serôdia de premiar os bajuladores e afastar os críticos. Efectivamente, este caso não traz nada de novo, são demasiados os episódios de amordaçamento do país.
Não obstante a ausência de novidade, importa sublinhar a perpetuação de uma mentalidade que condena o espírito crítico como se se tratasse de uma espécie de anátema de algumas almas irrequietas. Este Governo não aprecia o estilo mais participativo dos seus funcionários, muito pelo contrário, insiste em castigar aqueles que ousam ter espírito crítico. Infelizmente, esta mentalidade condena o país ao insucesso. Os mais competentes não são os que se calam, não são os bajuladores, nem tão-pouco são os que se vergam perante o dirigismo.
A directora do Museu Nacional de Arte Antiga tinha dado provas da sua excepcional competência, mas nem isso foi suficiente para que a tutela tivesse a sensatez de a manter no cargo. A competência, a capacidade de inovação, a visão estratégica e os resultados são meros pormenores insignificantes. O que é, de facto, valorizado é o silêncio e a subserviência. Desta forma, o país não sairá, tão cedo, do buraco em que se encontra.
Comentários