
Na verdade, o agravamento da precariedade não constitui propriamente novidade; o aumento dos recibos verdes aliado ao aumento dos contratos a prazo, muitos de curta duração, prolifera de forma imparável. Ora, muitos empregadores vêem na precariedade uma forma de reduzirem despesas. Contudo, e neste contexto, a sustentabilidade das empresas nem sempre é assegurada. Com a precariedade do emprego como pano de fundo, os trabalhadores vivem entre a instabilidade e o receio, não havendo desta forma condições para dar um contributo mais profícuo às empresas. Aliás, muitos acabam desmotivados, sendo que essa desmotivação tem implicações claras ao nível da produtividade.
Por conseguinte, as incursões no mundo da precariedade por parte dos empregadores, reveste-se de uma ausência de visão estratégica que compromete a competitividade de muitas empresas. Não será por acaso que os níveis de competitividade em Portugal estão nos antípodas da generalidade dos países europeus, onde essa competitividade é assegurada.
Por outro lado, o cerceamento das expectativas dos jovens (quem é que ainda não conheceu de perto essa realidade?) é causador de uma inexorável ausência de vontades e de expectativas em relação a um país cuja viabilidade é constantemente posta em causa. Contrariamente à ladainha do Governo, que pretende passar a mensagem de um país a caminho do progresso, a realidade da vida dos portugueses desmente essa falácia.
Convém sublinhar que um país cujos jovens estão descontentes, e mais, estão desanimados e frustrados, tem naturalmente o seu futuro posto em causa. A construção do país passará pelas mãos dos jovens, mas como é que será o futuro desses jovens? Será um futuro caracterizado pelo medo, pelas incertezas, pela ausência de perspectivas, em suma, pela precariedade? E se assim for, dificilmente esses jovens estarão capacitados para a construção de um pais melhor. Imperará, assim, o egoísmo, o desinteresse e letargia. Mas não é precisamente isso que já está a acontecer?
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