
Para quando uma reforma da justiça? Para quando um combate sério à corrupção? Ou será que o melhor é habituarmo-nos às manchetes dos jornais que espelham um país onde grassa o compadrio, as clientelas políticas, o caciquismo, a mentalidade serôdia, a corrupção? Sem uma reforma de fundo da justiça, o país terá dificuldades em sair da difícil situação em que se encontra. Afinal, quantos investidores se arriscarão a investir num país cuja justiça é morosa e inoperante? Por conseguinte, se queremos mais investimento é crucial que se comece por resolver os problemas da justiça. Por outro lado, é a própria credibilidade das instituições que é diariamente posta em causa.
Aquando das últimas eleições legislativas discutiu-se a reforma da Administração Pública. Mas será que essa reforma existe? Ou trata-se apenas de um conjunto de paliativos apenas relacionados com o sistema de carreiras dos funcionários públicos? É essa a grande reforma? Um dos consensos que existe em Portugal é precisamente sobre a urgência de uma reforma da Administração Pública. Lamentavelmente, essa reforma parece pouco ambiciosa, e continua a persistir o mau hábito de se colocar inopinadamente membros do partido do Governo em determinadas posições – a excessiva politização da Administração Pública não é benéfica para o funcionamento do Estado.
E chegámos assim às questões relacionadas com a educação: o Governo, na pessoa da ministra da Educação, tem um projecto para a educação que vá para além dos lugares-comuns do “eduquês”? E se esse projecto existe, em que é que é consiste? Ou será que vamos continuar a enaltecer a importância estratégica da educação para o país, mas na realidade pouco ou nada fazer para encetar melhorias na educação? Para quando mais autonomia das escolas? Não será essa a melhor forma de se conseguir mais dinamismo, maior descentralização, maior responsabilização, e subsequentemente, melhores resultados?
Outras questões seriam pertinentes, porém, a resposta a algumas das questões aqui colocadas já seria importante para se perceber qual o caminho que o Governo quer seguir. Na verdade, depois do ímpeto reformista do primeiro ano de governação, parece haver agora uma notória desaceleração. Uma pergunta final: O Governo ainda tem um rumo para o país? Ou será que a aproximação das próximas legislativas impõem novas prioridades para o Governo?
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