Avançar para o conteúdo principal

O futuro do país: algumas perguntas pertinentes

Nestes últimos meses tem-se assistido à polémica sobre a construção do futuro aeroporto. Apesar da intransigência do Governo sobre esta matéria, ficou agora acordado a elaboração de um estudo comparativo entre a Ota e Alcochete. Pretende-se estudar igualmente a viabilidade da Portela+1. De qualquer modo o assunto está longe de ser encerrado, porém, talvez seja este o momento de se deixar os técnicos chegarem a conclusões, até porque o país tem outros problemas prementes para resolver. É precisamente sobre estes problemas que o Governo deverá responder. O Governo ainda tem dois anos de legislatura pela frente, estará, pois, na altura de se colocarem algumas questões ao Governo.


Para quando uma reforma da justiça? Para quando um combate sério à corrupção? Ou será que o melhor é habituarmo-nos às manchetes dos jornais que espelham um país onde grassa o compadrio, as clientelas políticas, o caciquismo, a mentalidade serôdia, a corrupção? Sem uma reforma de fundo da justiça, o país terá dificuldades em sair da difícil situação em que se encontra. Afinal, quantos investidores se arriscarão a investir num país cuja justiça é morosa e inoperante? Por conseguinte, se queremos mais investimento é crucial que se comece por resolver os problemas da justiça. Por outro lado, é a própria credibilidade das instituições que é diariamente posta em causa.

Aquando das últimas eleições legislativas discutiu-se a reforma da Administração Pública. Mas será que essa reforma existe? Ou trata-se apenas de um conjunto de paliativos apenas relacionados com o sistema de carreiras dos funcionários públicos? É essa a grande reforma? Um dos consensos que existe em Portugal é precisamente sobre a urgência de uma reforma da Administração Pública. Lamentavelmente, essa reforma parece pouco ambiciosa, e continua a persistir o mau hábito de se colocar inopinadamente membros do partido do Governo em determinadas posições – a excessiva politização da Administração Pública não é benéfica para o funcionamento do Estado.


E chegámos assim às questões relacionadas com a educação: o Governo, na pessoa da ministra da Educação, tem um projecto para a educação que vá para além dos lugares-comuns do “eduquês”? E se esse projecto existe, em que é que é consiste? Ou será que vamos continuar a enaltecer a importância estratégica da educação para o país, mas na realidade pouco ou nada fazer para encetar melhorias na educação? Para quando mais autonomia das escolas? Não será essa a melhor forma de se conseguir mais dinamismo, maior descentralização, maior responsabilização, e subsequentemente, melhores resultados?

Outras questões seriam pertinentes, porém, a resposta a algumas das questões aqui colocadas já seria importante para se perceber qual o caminho que o Governo quer seguir. Na verdade, depois do ímpeto reformista do primeiro ano de governação, parece haver agora uma notória desaceleração. Uma pergunta final: O Governo ainda tem um rumo para o país? Ou será que a aproximação das próximas legislativas impõem novas prioridades para o Governo?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Mais uma indecência a somar-se a tantas outras

 O New York Times revelou (parte) o que Donald Trump havia escondido: o seu registo fiscal. E as revelações apenas surpreendem pelas quantias irrisórias de impostos que Trump pagou e os anos, longos anos, em que não pagou um dólar que fosse. Recorde-se que todos os presidentes americanos haviam revelado as suas declarações, apenas Trump tudo fizera para as manter sem segredo. Agora percebe-se porquê. Em 2016, ano da sua eleição, o ainda Presidente americano pagou 750 dólares em impostos, depois de declarar um manancial de prejuízos, estratégia adoptada nos tais dez anos, em quinze, em que nem sequer pagou impostos.  Ora, o homem que sempre se vangloriou do seu sucesso como empresário das duas, uma: ou não teve qualquer espécie de sucesso, apesar do estilo de vida luxuoso; ou simplesmente esta foi mais uma mentira indecente, ou um conjunto de mentiras indecentes. Seja como for, cai mais uma mancha na presidência de Donald Trump que, mesmo somando indecências atrás de indecências, vai fa

Normalização do fascismo

O PSD Açores, e naturalmente com a aprovação de Rui Rio, achou por bem coligar-se com o "Chega". Outros partidos como o Iniciativa Liberal (IL) e o CDS fizeram as mesmas escolhas, ainda que o primeiro corra atrás do prejuízo, sobretudo agora que a pandemia teve o condão de mostrar a importância do Estado Social que o IL tão avidamente pretende desmantelar, e o segundo se tenha transformado numa absoluta irrelevância. Porém, é Rui Rio, o mesmo que tem cultivado aquela imagem de moderado, que considera que o "Chega" nos Açores é diferente do "Chega" nacional. Rui Rio, o moderado, considera mesmo que algumas medidas do "Chega" como a estafada redução do Rendimento Social de Inserção é um excelente medida. Alheio às características singulares da região, Rui Rio pensa que com a ajuda do "Chega" vai tirar empregos da cartola para combater a subsidiodependência de que tanto fala, justificando deste modo a normalização que está a fazer de um pa

Outras verdades

 Ontem realizou-se o pior debate da história das presidenciais americanas. Trump, boçal, mentiroso, arrogante e malcriado, versus Biden que, apesar de ter garantido tudo fazer  para não cair na esparrela do seu adversário, acabou mesmo por cair, apelidando-o de mentiroso e palhaço.  Importa reconhecer a incomensurável dificuldade que qualquer ser humano sentiria se tivesse que debater com uma criança sem qualquer educação. Biden não foi excepção. Trump procurou impingir todo o género de mentiras, que aos ouvidos dos seus apoiante soam a outras verdades, verdades superiores à própria verdade. Trump mentiu profusamente, até sobre os seus pretensos apoios. O sheriff de Portland, por exemplo, já veio desmentir que alguma vez tivesse expressado apoio ao ainda Presidente americano. Diz-se por aí que Trump arrastou Biden para a lama. Eu tenho uma leitura diferente: Trump tem vindo a arrastar os EUA para lama. Os EUA, nestes árduos anos, tem vindo a perder influência e reputação e Trump é o ma