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A nova austeridade

Vivemos tempos em que as incertezas e as dúvidas imperam; dúvidas e incertezas sobre a vida social, política e económica. Contudo, existem algumas certezas, sendo o regresso da austeridade uma delas.
A propagação do vírus e a subsequente paralisação das economias já está a ter um forte impacto nas mesmas. Como se sabe, nesta história tão bem conhecida, os responsáveis ficarão impunes (o dinheiro fala sempre mais alto) e serão os mais pobres e os remediados a pagar a factura.
Assim sendo, espera-se o regresso da tão malfadada austeridade que se traduzirá na receita do costume: mais impostos para quem já os paga, menos rendimentos para quem trabalha. Paralelamente, não seria de rejeitar a possibilidade de novas privatizações, sobretudo quando os Estados forem chamados a pagar as dívidas que contraíram na sequência da epidemia. 
Creio que a nova austeridade pode vir acompanhada pelo recrudescimento e fortalecimento da extrema-direita. Com essa nova austeridade, virá o desespero de tempos recentes - o desespero aliado a uma ignorância que nem a gestão desastrosa da epidemia adoptada por Trump ou Bolsonaro ajudará a mitigar.
Se os governos, sobretudo os verdadeiramente democratas, falharem, caindo novamente nas malhas apertadas da austeridade, espera-se o pior, do ponto de vista político, designadamente com o enfraquecimento, já em curso, das democracias.

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