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Somos todos muito verdes, mas...

Não somos propriamente excepção quando advogamos a urgência de mudarmos de vida a fim de evitar os piores cenários. De resto, nenhum partido político, em Portugal, se coloca do lado dos negacionistas.
Todavia, quando chega a altura de mostrar trabalho ficamos muito aquém do necessário. Um bom exemplo prende-se com o sector dos transportes. Apostou-se fortemente na construção de auto-estradas e desinvestiu-se na ferrovia, factos também sobejamente conhecidos. O mais surpreendente, porém, é em pleno século XXI, 2020, os transportes colectivos (geralmente públicos) continuarem a ser um parente paupérrimo de um pais que não conhece uma estratégia há largas décadas.
Ora, esta é uma incongruência inaceitável. Os transportes colectivos são indispensáveis para qualquer estratégia que se enquadre neste contexto de urgência climática e o que país tem é um interior que não sabe sequer o que são transportes públicos e um litoral, sobretudo as áreas metropolitanas, com transportes decrépitos, insuficientes em número e mais do que lotados - um cenário verdadeiramente de terceiro mundo.
Somos todos muito verdes, mas continuamos a sonhar com auto-estradas e pontes (https://www.publico.pt/2020/01/06/local/noticia/autorizado-concurso-unico-nova-ponte-douro-1899386).

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